O sentimento económico está a degradar-se em todas as geografias. As principais instituições internacionais já fizeram revisões em baixa às previsões para o crescimento global para este ano e existe a possibilidade de a China não crescer no primeiro trimestre. Muitas empresas estão a avisar os investidores acerca da possibilidade de venderem substancialmente menos.

Já há cadeias logísticas interrompidas, com efeitos que se sentem em Portugal. Estão a surgir fenómenos de escassez com impactos ainda difíceis de avaliar. Os cancelamentos de eventos, deslocações e viagens de lazer surgem diariamente nas notícias. É “PIB” que já não será possível recuperar.

O acentuar da globalização e da concorrência tem obrigado a saudáveis interações e pressão por soluções cada vez mais eficientes, mas que não dão espaço a que as empresas (e os países) consigam criar condições para amortecer choques.

Até agora, os mercados e os decisores mostram-se bastante complacentes, preferindo olhar para a possibilidade de novos estímulos fiscais e monetários às economias. Na verdade, muito do crescimento recente e recordes nos mercados financeiros devem-se à política monetária. Através de taxas de juro muito baixas e liquidez abundante, os bancos centrais têm vindo a subsidiar a tomada de risco, prejudicando os aforradores em sentido lato.

Se e quando os agentes económicos, incluindo os Estados, tiverem de remunerar corretamente o risco, veremos se a economia mundial está ou não assente em pés de barro.