Os animadores dados macroeconómicos referentes ao terceiro trimestre de 2016, contrariando os prognósticos mais sombrios, confirmam que a aposta do País deve continuar a ser feita no circuito exportador. A subida do PIB em termos homólogos de 1,6%, para o período de julho a setembro, ficou a dever-se precisamente ao reforço das nossas exportações de bens e serviços – a par do aumento das receitas provenientes do turismo, pelo sexto ano consecutivo em alta – e não à aposta no consumo interno, que ainda há bem pouco tempo alguns apresentavam como receita infalível para recolocar Portugal na senda do crescimento.

No trimestre em análise, foi também divulgado que nos coube a liderança do crescimento ao nível do conjunto dos Estados membros da União Europeia, tendo a nossa variação de +0,8% sido apenas igualada pela Bulgária. Há quase três anos, desde o último trimestre de 2013, que a economia nacional não registava indicadores tão positivos.

São boas notícias, que merecem ser assinaladas. Todavia, não há lugar para euforias, dada a delicada situação na gestão da dívida pública em que as nossas obrigações voltam a estar nos radares, após terem galgado o patamar dos 3,5% para os títulos com maturidade a dez anos. Todavia, as estatísticas do terceiro trimestre – após o anémico crescimento de apenas 0,6% registado no primeiro semestre de 2016 – encarregaram-se de contrariar o fatalismo derrotista que constitui um dos passatempos preferidos dos chamados líderes de opinião. Dados cuja importância tanto mais se justifica quanto é sabido que ocorrem num contexto de rigorosa contenção do défice das finanças públicas, em que o Estado português faz questão de honrar os compromissos assumidos com as instituições financeiras internacionais.

Os números agora difundidos confirmam também a importância dos serviços no conjunto da economia portuguesa, nomeadamente no âmbito do nosso setor exportador. Daí a necessidade, que frequentemente venho sublinhando, de enaltecermos e valorizarmos a importância do terciário na nossa economia. Não ao nível das palavras de circunstância, mas dos gestos concretos. Começando pela inclusão – cada vez mais indispensável – da Confederação de Serviços de Portugal no Conselho Económico e Social, como parceiro social de pleno direito. É uma justa reivindicação que aqui renovo, consciente de que os nossos associados já representam hoje mais de 20% do PIB nacional.

Se é inquestionável a relevância da área dos serviços como veículo dinamizador da economia portuguesa, torna-se cada vez menos compreensível que tal não apareça devidamente refletido ao nível das estruturas institucionais. Urge, pois, colmatar esta lacuna, implantando em Portugal as boas práticas postas em vigor noutros países europeus, com uma economia bem mais pujante do que a nossa. Não é preciso inventar nada: a roda já foi inventada há cerca de 5.500 anos, embora alguns pareçam ainda não ter reparado nisso…