O PIB português deverá crescer 2,2% em 2018 após ter aumentado 2,8% em 2017. E se no ano passado, ainda assim, a nossa economia registou o décimo menor crescimento económico na União Europeia (UE) a 27, este ano terá o sétimo pior desempenho. Já no próximo ano será mesmo a quarta (a par de outras três economias) que menos irá crescer segundo as estimativas de Bruxelas. Há que reflectir sobre isto.

Analisando as estatísticas mais recentes do INE, é desde logo possível constatar que o investimento e as exportações abrandaram nos nove primeiros meses de 2018. A este facto não deverá ser alheio o arrefecimento da conjuntura internacional, o que naturalmente prejudicará uma pequena economia aberta como a nossa. Mas será que a causa dos nossos problemas terá origem somente no exterior? Será que nos temos preocupado minimamente em melhorar a capacidade produtiva da nossa economia? Bem, de acordo com os meus cálculos, Portugal possui hoje o quarto menor rácio de investimento privado/PIB da UE; o que dá que pensar.

Em sucessivos relatórios internacionais, as nossas empresas têm apontado a burocracia do Estado, a instabilidade das políticas, os elevados impostos e o difícil acesso a financiamento como principais constrangimentos para as suas actividades.

E o que tem feito o poder político? Continua a acrescentar burocracia na máquina estatal, a modificar tudo quanto é legislação, a aumentar impostos e taxas, enquanto que, por outro lado, pouco ou nada faz para que os prazos previstos nos vários programas dos fundos comunitários sejam rigorosamente cumpridos. Tal introduz ruído e imprevisibilidade no “sistema”, logo prejudica o investimento empresarial.

Quanto ao investimento realizado directamente pelo próprio Estado, é a “tragédia” que todos conhecemos. São adiados investimentos públicos imprescindíveis em sectores fulcrais (incluindo na Saúde), pois o palco principal tem estado reservado apenas para um só protagonista: o défice orçamental. Não é por acaso que Portugal possui actualmente o segundo menor rácio investimento público/PIB da UE (pior só mesmo na Itália). Preocupante.

Infelizmente, a economia portuguesa está a perder gás. Não há neste momento uma visão de futuro. É por isso tempo de colocar de lado os triunfalismos bacocos e a propaganda política. Só assim se poderá começar a pensar verdadeiramente o país e a procurar as necessárias soluções para as nossas debilidades, antes que seja tarde demais.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.