Agora que as vacinas já são mais do que uma miragem, a proliferação do vírus poderá cair a pique a partir do final do inverno. Torna-se interessante perspetivar o que acontecerá à economia no próximo ano.

É provável que a recuperação económica em 2021 seja bastante forte. Registou-se um acumular de poupança inédito por parte das famílias em termos agregados e também pelas empresas menos atingidas pela crise, que aproveitaram para realizar operações de reorganização e contenção de custos, enquanto adiavam investimentos. Por outro lado, os estímulos fiscais e económicos em vigor – e que serão provavelmente reforçados – irão influenciar a economia por muito tempo. Há uma enorme vontade de regressar à normalidade, deverá permitir um 2021 melhor do que o esperado.

Na base deste otimismo está um pressuposto que pode ser discutível. Normalmente, a seguir às crises sucedem-se alguns anos de crescimento lento devido à destruição económica que ocorre, na procura e na oferta. O que poderá ser diferente desta vez é que, devido aos estímulos, poderá haver menos falências e menos desemprego. Procura e oferta talvez tenham sido salvaguardadas.

O reverso da medalha é o aumento da presença e poderes do Estado e dos bancos centrais, bem como o “empurrar para a frente” de problemas em muitas empresas inviáveis. Portanto, podemos esperar anos de 2021 e 2022 bastante positivos, mas com o recuo da globalização e o aumento das tensões internacionais e da dívida, os problemas serão inevitáveis no longo prazo.