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Economia Viva. Como serão as ‘cidades verdes’ do futuro?

Organizada pela Nova SBE, em colaboração da Comissão Europeia e integrada na 6.ª edição do ciclo de conferências Economia Viva, decorreu esta quarta-feira uma conferência que procurou debater as ‘cidades verdes’ do futuro.
7 Abril 2021, 21h21

Dentro de três décadas estima-se que a população mundial ascenda a 9,8 mil milhões de pessoas, sendo que quase 6,7 mil milhões resida em cidades, sendo por isso necessário encontrar um novo conceito de cidade mais sustentável. Esta foi uma das ideias que o professor associado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) Filipe Duarte Santos ilustrou durante a sessão “Green Cities of the Future”, no âmbito do ciclo de conferências Economia Viva da Nova SBE, da qual o Jornal Económico é media partner.

A conferência, que decorreu esta quarta-feira em formato digital, procurou debater as ‘cidades verdes’ do futuro, um conceito que poderá ser desenvolvido, segundo o docente da FCUL, com base num planeamento das regiões “equilibrado entre o que se aprendeu no passado e a antecipação dos desafios futuros”.

Para Filipe Duarte Santos, as novas cidades poderão “estar alinhadas com dez princípios, nomeadamente ecologia, água, energia, habitabilidade, resíduos, alimentação, mobilidade, cultura, infraestruturas e economia”.

Mas para pensar nos novos tipos de cidades é necessário compreender as cidades atuais. “A urbanização é uma das tendências de maior transformação das sociedades nos últimos 250 anos”, lembrou o professor universitário.

Quase 60% da população vivia em áreas com mais de cinco mil habitantes, há dois anos. Em 2050 essa percentagem será 68%. Os números impressionam, ainda para mais se se considerar que os grandes centros urbanos representam hoje “mais de dois terços da energia global e são responsáveis ​​por mais de 70% das emissões globais de dióxido de carbono”, segundo Filipe Duarte Santos.

Qual é o principal catalisador do crescimento das grandes malhas urbanas? Segundo o docente da FCUL, nos países desenvolvidos, a justificação das migrações das zonas rurais para as cidades é a “prosperidade económica”, mas, em países em desenvolvimento, o crescimento das cidades está diretamente relacionado com a procura de segurança e a procura de alimentos.

Entre a década de 1950 e 2021, o crescimento das grandes cidades não parou. E se há 60 anos havia apenas duas megacidades, atualmente contabilizam-se 27 grandes cidades, cada uma com população acima dos dez milhões. Este crescimento tem os seus custos, como explicou o professor universitário. “[Estas 27 megacidades] usam mais eletricidade e combustível e produzem mais lixo per capita do que a média mundial”.

Como se parte, então, deste cenário para as cidades verdes? De acordo com a vereador com o pelouro do ambiente da câmara municipal de Cascais, Joana Pinto Balsemão, que também participou na conferência de hoje, há que “repensar o modelo de desenvolvimento” das cidades, sobretudo numa altura em que “as perceções mudaram com a pandemia da Covid-19”.

Segundo a vereadora cascalense, os critérios utilizados para avaliar as cidades poderão não contemplar só questões como “segurança ou o acesso a cuidados de saúde”. É neste ponto que entram critérios que apontem a sustentabilidade das zonas urbanas, como a existência de áreas verdes ou maior adoção do transporte público ou amigo ambiente em detrimento dos transportes tradicionais.

Atualmente, as dez cidades mais verdes do mundo são Viena, Munique, Berlim, Madrid, São Paulo, Manchester, Lisboa, Singapura, Amesterdão e Washington. Contudo, a maioria destas cidades não são megacidades.

Sofia Franco, economista do Environmental Economics Knowledge Center da Nova SBE, e a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, foram outras participantes na conferência.

Sofia Franco explicou como as cidades se podem ir adaptando com a evolução dos tempos. Já Luísa Salgueiro optou por explicar como a inovação tecnológica pode contribuir para uma cidade mais sustentável. Conhecida por ter a primeira Zona Tecnológica Livre do país, desenvolvida com o contributo do CEiiA (Centre of Engineering and Product Development), a autarca salientou que a região procura o investimento em solução inovadoras para o futuro.

“Procuramos mudar a cidade, mudar o território”, disse. Para o efeito, o CEiiA e a ZLT são ativos para o desenvolvimento sustentável de Matosinhos, segundo a autarca.

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