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Economista-chefe da Moody’s alerta: se a Fed não cortar as taxas de juro, os mercados vão cair

John Lonski, economista-chefe da Moody’s, diz que o presidente da Fed terá de apresentar “uma razão forte” que sustenha a decisão de o banco central não baixar as taxas de juro na reunião que se realizará no final de julho. Caso contrário, alertou, “os mercados vão cair”.
7 Julho 2019, 15h11

O último relatório sobre a criação de emprego nos Estados Unidos superou as expectativas do mercado, mas para John Lonski, economista-chefe da agência de notação Moody’s, há sinais de alerta.

Divulgado na passada sexta-feira, dia 5 de julho, o relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano revelou que em junho foram criados mais 224 mil postos de trabalho na maior economia mundial. Mas há um senão: o ritmo lento do aumento dos salários.

“Normalmente, teríamos os salários e o rendimento aumentarem acima de 5% ou 6%. No entanto, segundo os números do governo dos EUA, o aumento foi de apenas 3,5%”, disse John Lonski, em declarações ao programa “The Ticker”, do portal Yahoo Finance.

O relatório sobre a criação de postos de trabalho do governo norte-americano revelou que o aumento dos assalariados (salário por hora) em junho subiu 0,2%, em cadeia. Já os salários subiram 3,1% face a junho de 2018, abaixo das estimativas, que apontavam para um subida de 3,2%.

Segundo o economista-chefe da Moody’s, o ritmo lento do crescimento dos salários tem impacto no aumento do consumo.

“O que irá acontecer quando o desemprego subir”, questionou John Lonski. Atualmente, os EUA têm uma taxa de desemprego muito baixa. Mas, olhando para o futuro, o economista-chefe da Moody’s disse que “uma taxa de desemprego baixa aumenta o risco de uma maior taxa de desemprego daqui a um doze meses”. E adiantou que esse risco “diz-me que os investidores têm de estar atentos em relação às estimativas de crescimento económico norte-americano”.

O mercado já está focado na reunião da Reserva Federal norte-americana, que se realizará entre os dias 30 e 31 de julho, de onde sairá a decisão sobre uma mexida das taxas de juro. O presidente da Fed, Jerome Powell, adotou recentemente um tom dovish ao indicar que o banco central não se deixará levar por motivos políticos quanto ao rumo da política monetária, designadamente por causa da disputa comercial entre os EUA e a China.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tem criticado a atuação da Fed, e tem defendido a necessidade um corte das taxas de juro para a economia norte-americana “disparar”.

Já o economista-chefe da Moody’s é da opinião que se a Fed resolver não baixar as taxas de juro na próxima reunião, Jerome Powell terá de apresentar “uma razão forte” que sustenha esta decisão. Caso contrário, alertou, “os mercados vão cair”.

“Prestem atenção às receitas das empresas, o que elas vendem aos consumidores, aos bens de capital e às exportações”, prosseguiu John Lonski. “Se a situação não melhorar rapidamente, não teremos apenas um corte das taxas de juro em julho, mas também em setembro, na reunião da FOMC (Federal Open Market Committee) dia 18”.

 

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