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EDP admite não concorrer a redes de baixa tensão, mas quer ser ressarcida dos investimentos feitos

O presidente-executivo da empresa de energia calcula em cerca de 1,3 mil milhões de euros o montante que a EDP teria a receber pelos ativos das redes que levam a eletricidade a casa dos clientes.
Cristina Bernardo
30 Julho 2024, 20h42

O presidente-executivo da EDP, Miguel Stilwell, admitiu esta terça-feira, 30 de julho, que a empresa poder não participar no concurso para a gestão de redes elétricas de baixa tensão, que deverá ser lançado no próximo ano, mas que, se isso acontecer, quererá ser ressarcida dos investimentos feitos.

Os municípios detêm as concessões da distribuição de energia elétrica em baixa tensão, atribuída à E-Redes, a antiga EDP Distribuição, por um período de 20 anos, que termina em momentos diferentes, mas a maioria dos contratos chegou ao fim entre 2021 e 2022.

“No pior cenário, teremos os cerca de 1,2 a 1,3 mil milhões [de euros] de volta, se não participarmos no concurso, ou se não formos bem-sucedidos no concurso”, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade, numa conferência com analistas depois da apresentação dos resultados semestrais da empresa.

Miguel Stilwell diz que o outro cenário, “a melhor das hipóteses”, é que existirá um “processo racional”, que “faça sentido” para EDP, no qual a empresa participe e ganhe, continuando a gerir as concessões.

A empresa aguarda, agora, os resultados do trabalho da comissão criada pelo Governo para analisar o tema e que pode tanto confirmar como mudar alguns dos parâmetros para o concurso definidos pelo anterior governo.

O CEO da EDP foi também questionado sobre o racional do novo modelo de tarifa social para a eletricidade, que foi alterado ainda pelo anterior governo, depois de críticas de Bruxelas, tendo sido chamados os comercializadores de eletricidade a partilhar de um esforço que era só feito pelos produtores.

O atual governo pretende alterar o modelo, para que o custo seja suportado pelo Orçamento do Estado. “Pode fazer sentido”, diz Miguel Stilwell. “Se o governo quer mudá-lo, na direção que lemos na imprensa, pode fazer sentido”, considerou.

“O que não funcionava era o modelo anterior, em que [o custo] estava de forma desproporcionada alocado à EDP”, acrescentou.

O presidente-executivo da EDP foi, ainda, questionado sobre a intenção do Governo de reduzir a taxa de IRC, o que terá impacto nos resultados, mas lembrou que se trata de uma taxa nominal e que a empresa também paga derrama municipal.

“Temos uma das mais altas taxas na OCDE. Se Portugal quer ser competitivo tem de o ser também nos impostos, para captar mais investimento”, afirmou.

Os resultados líquidos da EDP – Energias de Portugal subiram 75% no primeiro semestre deste ano, face a igual período de 2023, para 762 milhões de euros, suportados pelo “bom resultado dos ganhos com com rotação de ativos de transmissão de eletricidade no Brasil e ativos de produção de energia eólica e solar em Itália, EUA e Canadá”, informou a empresa esta terça-feira, 30 de julho, através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O resultado líquido recorrente aumentou 50%, para 775 milhões de euros e, excluindo ganhos de rotação de ativos, a empresa refere que o resultado líquido recorrente aumentou 15%, para 591 milhões de euros.

“Foi um semestre muito forte”, afirmou o presidente-executivo da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, na conferência telefónica com analistas a seguir à apresentação dos resultados.

“É um bom crescimento, mesmo sem rotação de ativos”, acrescentou.

“O aumento de 20% da produção de energias renováveis, sobretudo energia hidrelétrica em Portugal (+69%) e eólica e solar nos EUA (+13%) compensou a queda de preços grossistas de eletricidade na Europa e a forte redução da produção de eletricidade com base em combustíveis fosseis, com as energias renováveis a representarem 98% da produção total de eletricidade” no período em análise, explica a empresa.

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