A EDP está a preparar sua proposta para construir o projeto eólico offshore nos EUA, que tem o nome de South Coast.
O consórcio Ocean Winds – EDP e Engie – vai apresentar uma proposta para um projeto de 2,4 gigawatts ao largo do estado do Massachusetts, na costa leste dos EUA.
A proposta será apresentada “provavelmente na próxima semana”, disse o presidente-executivo da EDP em entrevista à “Bloomberg” , citado pela plataforma MTrader.
Esta semana, a Shell anunciou que vendeu a sua participação de 50% neste projeto ao seu parceiro, o consórcio Ocean Winds.
A MTrader destaca que tanto a EDP como a Engie apresentam “das taxas de dividendo mais elevadas da Europa”. A EDP vai distribuir um dividendo de 19,5 cêntimos por ação, com um dividend yield de 5,1%, e a Engie tem um dividendo de 1,43 euros por ação, um dividend yield de 9,3%.
Entretanto, a HSBC cortou a avaliação tanto da EDP como da EDP Renováveis.
A casa de investimentoo reduziu o preço-alvo da EDP de 5,20 euros para 5 euros por ação, mantendo a recomendação de compra.
Para a EDPR, cortou o preço-alvo de 19,50 euros para 16,70 euros por ação, mas também manteve a recomendação de compra inalterada, segundo a MTrader.
Goldman Sachs corta preço-alvo e deixa avisos
Na terça-feira, o Goldman Sachs anunciou que cortou o preço-alvo da elétrica (mantendo a recomendação em ‘comprar’): a previsão agora é de 4,40 euros nos próximos 12 meses, face à previsão anterior de 4,85 euros. A cotada fechou a descer 3,82% para 3,474 euros na sessão de terça-feira.
O banco norte-americano está preocupado com a descida dos preços de eletricidade, o que pode levar a energética a reduzir o desenvolvimento de energias renováveis: menos 30% de adições anuais face ao plano estratégico, prevê o GS no seu cenário base.
“Acreditamos que as ações da EDP podem pausar para respirar, por três razões: (1) vemos um risco descendente de 10% no consenso da Bloomberg de EPS (earnings per share) para 2026-27, e a nossa estimativa implica quase nenhum crescimento bottom-line até 2028; (2) a queda nos preços de energia implica cash flows mais baixos e, como resultado, maior alavancagem: a EDP pode vir a recalibrar investimentos – isto pode diluir ganhos no médio prazo; (3) nas nossas estimativas para 2026, a EDP negoceia com um prémio de 14 vezes o rácio de price to earnings para o sector (12,5 vezes) e pares diretos (entre 9 vezes-13 vezes)”, pode-se ler na nota hoje divulgada a que o JE teve acesso.
“Esperamos lucros sólidos para 2024 – com hedges atrativos, boa produção hídrica e margens de abastecimento em expansão – acreditamos que o declínio acentuado nos preços de eletricidade e a redução em investimentos orgânicos implica mais pressão nos ganhos de médio prazo”, pode-se ler na nota, apontando que “não vemos quase nenhum crescimento do resultado líquido até 2028”.
Sobre a alavancagem da empresa, o GS aponta que “uma previsão de lucros mais baixa leva-nos a esperar alavancagem (dívida líquida /EBITDA) a atingir 4,5 vezes em 2025-28. Para apoiar o balanço, acreditamos que a EDP pode ter de abrandar o desenvolvimento eólico/solar: o nosso cenário base assume uma redução de 30% nas adições anuais de capacidade versus o plano estratégico de 2023. Isto irá reduzir o crescimento de ganhos no médio prazo”.
“Acreditamos que a ação já reflete largamente atuais ventos adversos: o nosso novo preço-alvo de 4,40 euros por ação implica uma subida de 20% face ao nível atual”, daí manter a recomendação em ‘comprar’.
A EDP mantém o seu foco em atingir lucros recorrentes na ordem de 1,5 mil milhões de euros em 2026. A meta está estabelecida no plano estratégico e foi agora reafirmada numa apresentação que a companhia está a realizar este mês junto de investidores.
O EBITDA para esse ano também foi reafirmado nos 5,7 mil milhões de euros: três mil milhões com origem na energia solar e eólica; 1,2 mil milhões em hídrica, retalho e gestão de energia; e 1,5 mil milhões em redes de eletricidade. Desde 2022 que o objetivo tem sido um crescimento de 12%-14% ao ano até 2026.
Já a meta do dividendo também permanece nos 0,20 euros por ação, a partir dos 0,19 euros euros registados em 2023, que vão subir para os 0,195 euros em 2024-25. Desta forma, o payout vai passar dos 75-85% dos resultados para os 60-70%.
Por geografias, a maior fatia de EBITDA em 2026 vai ter origem na Ibéria (45%), seguida da América do Norte (25%), Resto da Europa (15%), América do Sul (15%) e Ásia-Pacífico (5%).
Até 2026, o objetivo é instalar 18 gigawatts, com 17,1 gigawatts a terem origem na EDP Renováveis. Dos 25 mil milhões de euros em investimento, 85% destinam-se a energias renováveis, retalho e gestão de energia, e 15% para redes de eletricidade. Por geografia, 40% destinam-se à América do Norte, a Europa reúne a mesma fatia, América do Sul outros 15%, e Ásia-Pacífico com 5%.
Por tecnologia, 40% destinam-se a eólica onshore (5 gigawatts), outros 40% para a energia solar (9,4 gigawatts), a solar descentralizada fica com 12% (2,1 gigawatts), 5% a eólica offshore (700 MW) e 500 MW em armazenamento, mais hidrogénio verde (3%).
Em termos de liquidez, a companhia contava com 10,5 mil milhões de euros no final de 2023, 7,1 mil milhões em linhas de crédito e 3,4 mil milhões de euros em dinheiro.
A empresa aponta que esta liquidez cobre as necessidades de refinanciamento até 2027. Depois de ter atingido os 13 mil milhões em 2022, a dívida líquida vai atingir os 16 mil milhões no final deste ano, e os 17 mil milhões de euros no final de 2026.
“Sólida geração de cash flow, com mais de quatro mil milhões de euros de dívida líquida após um plano de investimentos de 25 mil milhões de euros”, segundo a apresentação da elétrica que destaca que a empresa vai investir 23 mil milhões de euros na sua expansão até 2026, gastando mil milhões para comprar a totalidade da EDP Brasil e pagando três mil milhões de euros de dividendos.
Em termos de origem de cash, a companhia esperar gerar nove mil milhões de forma orgânica, e outros mil milhões de euros com a venda e rotação de ativos.
Esta apresentação tem sido usada nas “interações com investidores. Vão acontecendo várias interações ao longo do ano”, disse fonte oficial da EDP ao JE, não dando detalhes sobre o tipo de investidores, nem em que geografias se encontram, ou praças financeiras.
Dos 4,5 gigawatts instalados por ano entre 23-26, 70% ficarão na gestão da empresa, com os restantes 30% colocados para venda.
Em 2024, a redução dos minoritários na EDP Brasil e no portefólio eólico da EDP Renováveis vai gerar uma contribuição de 150 milhões de euros para o lucro deste ano.
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