O ministro da Administração Interna vai esta quarta-feira ao Parlamento, a pedido do PSD, responder a perguntas sobre a investigação conduzida pelo Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) na sequência dos festejos do título do Sporting, que decorreram em maio deste ano.
Em causa estão os resultados da investigação do IGAI. De acordo com o “Público“, no despacho, publicado em julho deste ano, Eduardo Cabrita validou na véspera da conquista do campeonato de futebol pelo Sporting os festejos dos leões exatamente nos modos em que estes vieram a ocorrer — um desfile dos jogadores de vários quilómetros pela cidade de Lisboa com um trio elétrico a acompanhar que resultou num aglomerado de pessoas à margem do Marquês de Pombal, consumo de bebidas alcoólicas na rua e desacatos com a polícia.
Segundo o “Correio da Manhã“, a PSP disparou 617 balas de borracha em pouco mais de sete horas naquela noite. O número de balas disparadas foi equivalente ao dobro dos tiros registados em todo o ano de 2018.
O despacho de Cabrita foi comunicado às 22h30 de 10 de maio por email à PSP, tal como explica o “Público”, e foi a resposta do ministro a um ofício da direção nacional da PSP que desaconselhava a “utilização do trio elétrico/desfile pela via pública”, um dos três cenários equacionados por aquela força policial.
Depois da noite tumultuosa, surgiram as críticas ao Governo e embora tenha sido autorizado pelo próprio, Eduardo Cabrita atribuiu responsabilidades ao Sporting na desorganização vivida nos festejos do título de campeão nacional e na “ausência de cooperação” com a IGAI no inquérito aos acontecimentos.
“Obviamente que a responsabilidade pela celebração e pelo modelo da celebração é do Sporting”, disse Eduardo Cabrita, em conferência de imprensa sobre as conclusões desse inquérito, em julho. “As propostas da PSP não foram acolhidas pelo promotor, designadamente a proposta de celebração dentro do estádio, mas não pode a PSP forçar o dono da casa [Sporting] a que a celebração fosse feita dentro do estádio”.
Destes festejos poderá também ter resultado um surto de Covid-19. Na altura, as autoridades identificaram cerca de 20 casos de infeção por SARS-CoV-2 associados aos festejos, no entanto, ao “Público”, o matemático Óscar Felgueiras considerou que aqueles ajuntamentos em Lisboa potenciaram a transmissão da variante Delta. O especialista referiu que as estimativas, no início de maio, sugeriam que a circulação desta variante era de 5% no país, verificando-se um aumento imediato na Região de Lisboa e Vale do Tejo.
“Houve um aumento de super transmissão de Lisboa e Vale do Tejo centrado no dia 12 de maio [24 horas após os festejos]”, relatou Óscar Felgueiras.
A audição vai avante depois de ter sido chumbada pelo grupo parlamentar do PS, no passado mês de julho. Na altura, o PCP absteve-se, fazendo chumbar o pedido, enquanto o PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PAN votaram a favor.
No entendimento da bancada laranja, Eduardo Cabrita “tresleu” o relatório na apresentação que fez, procurando, “como tem feito noutros casos, transferir para outros responsabilidades que são suas”, nomeadamente a de ter dado o aval ao modelo de celebração proposto pelo Sporting.
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