[weglot_switcher]

Educar o corpo para lutar contra o cancro

Investigador da Universidade de Coimbra está a um passo de revolucionar o tratamento do cancro e a qualidade de vida de quem sofre desta doença.
14 Setembro 2019, 15h00

O nome de Fábio Rosa pode ficar a letras grandes na história da luta contra o cancro. Porquê? Porque há muito que se sabe que a imunoterapia é uma forma de combater o cancro através do seu próprio sistema de defesa. Mas o investigador e a sua equipa, partindo deste princípio, já estão dois passos à frente.

“Estamos convencidos que a tecnologia inovadora que estamos a desenvolver na Asgard Therapeutics irá revolucionar o tratamento do cancro e, mais importante, criar um impacto positivo na vida dos doentes com cancro.”

O estudante de doutoramento do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, destaca a importância que esta terapia tem vindo a ganhar. “Há mais de um século que exploramos a ciência de utilizar o nosso próprio sistema imunitário para o tratamento do cancro-imunoterapia”.

Em 2018, por exemplo, a imunoterapia foi galardoada com o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina, muito por ter demonstrado nos últimos anos uma enorme vantagem face às terapias convencionais, tais como a quimioterapia e a radioterapia. “Este tratamento – explica Fábio Rosa – induz respostas duradouras, aumentando a sobrevivência dos doentes vários anos depois do tratamento. Ainda assim, menos de 30% dos doentes respondem à imunoterapia”.

O projeto desenvolvido e apresentado por Fábio Rosa debruça-se sobre a descoberta de três proteínas capazes de converter células, tais como células da pele, em células imunes, também chamadas células dendríticas. “As células dendríticas são sentinelas do sistema imunitário, capazes de identificar células cancerígenas e de iniciar uma resposta imune forte direcionada contra as mesmas células cancerígenas”, explica.

No contexto da startup, que recentemente estabeleceu em conjunto com Filipe Pereira e Cristiana Pires – Asgard Therapeutics AB –, o investigador pretende explorar o potencial terapêutico da introdução da mesma combinação de proteínas em células cancerígenas, convertendo-as em sentinelas imunitários capazes de direcionar uma resposta imunitária contra o próprio cancro.

Esta descoberta valeu ao investigador da Universidade de Coimbra o prémio do júri na sessão final do programa PhD Translational Fellowship Program, composto por representantes de parceiros industriais e peritos no desenvolvimento de conceito de negócio. Na competição participaram os melhores alunos de doutoramento de universidades parceiras da iniciativa europeia EITHealth, que visa a promoção de um estilo de vida mais saudável e do envelhecimento ativo na Europa, como a Universidade de Oxford, Sorbonne, Colónia, Instituto Karolinska ou Leiden.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.