Já não é novidade que a banca tradicional está em transformação. Transformação essa que está a ser acelerada pela disrupção causada pelas FinTech que trazem a inovação tecnológica para uma indústria madura.
A inovação tecnológica vai abrir possibilidades que pareciam ser possíveis nos livros de ficção-científica há uns anos atrás.
Charlotte Wood, Head of Innovation and FinTech Alliances, da Shroders, uma gestora de investimento em ativos, escreveu as cinco inovações de que mais se vai falar em 2019 e que vão transformar, a breve trecho a indústria financeira.
1. A morte dos projetos de ‘vaidade’ da Blockchain
A Blockchain é a tecnologia que está por trás da Bitcoin, a moeda digital que não depende de qualquer banco central. A tecnologia Blockchain gerou muito mais interesse na indústria financeira do que as criptmoedas como a Bitcoin.
A Blockchain permite a transferência de propriedade digital através de uma cadeia em contante crescimento de registos, denominados de “blocos”. Os impactos desta tecnologia são amplos e, segundo os bancos tradicionais, vão causar disrupção em diversas áreas, como os pagamentos, empréstimos e comércio.
O interesse em torno da Blockchain, que vai criar novas possibilidades, tem aumentado de forma gradual. No entanto, esta tecnologia não constituiu uma solução para todos os problemas nem é um substituto para todas a utilidades existentes – além de que existem obstáculos à sua implementação, incluindo aspectos técnicos, regulatórios e até comportamentais.
2. A banca aberta terá impacto depois de um início lento em 2018
Já ouviu falar de open banking? Não é surpreendente que a sua resposta seja em sentido negativo. O Financial Times descreveu a banca aberta como “a revolução digital silenciosa”.
Muitas pessoas ficarão a saber que existem apps que foram criadas para aceder e agregar às suas informações financeiras – isto é o resultado do lançamento do open banking há cerca de um ano atrás, uma iniciativa governamental que permite que aos bancos partilharem a informação financeira dos seus clientes a outras entidades.
Os bancos vão apenas partilhar esta informação se obtiverem autorização expressa, que depende da vontade dos seus clientes em obter mais conhecimentos sobre as suas finanças ou conseguir um produto financeiro em condições mais favoráveis. O objetivo é tornar a banca mais justa e mais transparente, assim como incentivar o desenvolvimento de novos produtos – mas tem demorado mais tempo do que o inicialmente previsto.
Embora a consciência da existência sobre a banca aberta seja baixa – as pessoas são cuidadosas (e bem) no que diz respeito à partilha das suas informações financeiras – o número de pessoas a tirar proveito tem aumentado. Este ano deveremos ver os bancos e as FinTech a colaborar melhor e a comunicar os benefícios de forma mais eficaz, na esperança que mais pessoas vão perceber como o open banking as pode ajudar.
3. A ética da Inteligência Artificial
No espaço de uma geração, é expectável que inteligência artificial (IA) se infiltre em quase todos os aspectos da vida moderna. Até agora, o desenvolvimento das aplicações com IA tem sido mais visível pelos consumidores em produtos como os assistentes inteligentes, ou em serviços como o chatbox. Mas, nos bastidores, têm surgido questões importantes sobre com garantir que não nos iremos desviar para um território eticamente duvidoso.
Além da preocupação muitas vezes citada sobre o impacto da “próxima revolução industrial” no mercado de trabalho, existe uma questão fundamental que consiste em garantir que os parâmetros definidos [na máquina], assim como a transferência de dados, de forma a que a máquina se comporte de maneira a que nós, humanos, consideramos correcta.
Uma das áreas em que esta questão tem implicações é na inclusão financeira, uma área na qual temos de demonstrar porque é as pessoas recusam produtos como empréstimos pessoais, hipotecas ou seguros. Nos ambientes de testes, descobriu-se que os dados encerram preconceitos de forma a que as máquinas, em alguns caos, são essencialmente treinadas para ser racistas, sexistas, ou discriminatórias na tomada de decisão.
Em Janeiro, semanas depois de um relatório da União Europeia ter elencado preocupações éticas, a Comissão para Indústria, Pesquisa e Energia do Parlamento europeu aprovou planos para uma regulação compreensiva sobre IA e robótica. É, assim, provável assistir-se a mais discussões sobre este tópico que é uma nova área para as organizações a terem em conta.
4. Desenvolvimentos biométricos – efetuar pagamentos com a cara
As inovações biométricas já são uma realidade e para muitas pessoas já é algo normal, como desbloquear os smartphones através do reconhecimento facial ou com impressões digitais. Os bancos, em particular, estão cada vez mais a utilizar a tecnologia de voz ou de imagem para verificarem a identidade dos seus clientes. Por exemplo, na China, o KFC ou o gigante do retalho Alibaba testaram pagamentos através de sorrisos. A Apple até patenteou a verificação da identidade através das veias dos clientes.
Existe potencial para esta tecnologia em combater a fraude e é uma área que está em rápido desenvolvimento, no entanto existem preocupações que se prendem com vídeos falsos que são facilmente produzidos.
Isto tem implicações não só para a segurança do sistema bancário, mas também para os riscos das pessoas verem as suas reputações atacadas e de lançar campanhas de desinformação.
5. A continuada redução das barreiras ao investimento
Em qualquer das suas formas, os consultores robotizados já existem há algum tempo e deram a possibilidade a muitas pessoas de fazerem investimentos pequenos. É o caso da Nutmeg, da WealthFront ou da Acorns. (Por razões de transparência, a Schroders tem uma participação na Nutmeg).
As plataformas de crowdfunding, como a Crowdcube ou a Funding Circle, também oferecem oportunidades de investimento alternativo no qual as pessoas podem comprar participações em pequenas empresas, movimentos sociais ou projetos criativos.
Estas oportunidades vão tornar-se cada vez mais sofisticadas e cada vez mais pessoas terão acesso a novas categorias de ativos baseados nos seus interesses, valores, e vontade de investir o seu capital.
Dois exemplos: a Royalty Exchange tem um Marketplace online onde os investidores podem comprar royalties a artistas musicais através de leilões; a YieldStreet permite aos investidores de construir portefólios que abrangem diferentes classes de ativos, como o imobiliário e ativos marítimos.
(tradução livre do inglês feita pelo jornalista)
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