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Eleições diretas do Chega chamam 11.313 militantes a “referendar” André Ventura e a pena de morte

André Ventura é o único candidato à presidência, pelo que só está em causa a dimensão da vitória num ato eleitoral em que os militantes também vão eleger os delegados à II Convenção Nacional e decidir se o partido deverá apoiar o regresso da pena de morte. Maioria dos inscritos com direito a voto encontram-se em Lisboa, Porto e Setúbal.
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Miguel A. Lopes/Lusa
5 Setembro 2020, 09h00

Os 11.313 militantes do Chega que têm as quotas em dia (de entre um total de 20 mil) são chamados neste sábado a votar numas eleições diretas para a presidência em que o fundador, atual líder e deputado único do partido, André Ventura, é também o único candidato, pelo que só o nível de afluência às urnas e o número de votos brancos e nulos estará em causa. Mas no final da tarde será também conhecida a decisão dos militantes quanto ao referendo interno que definirá se o partido passará a defender o regresso da pena de morte, abolida em Portugal em 1867.

“Concorda com a aplicação da pena de morte em casos de terrorismo, homicídio qualificado, abuso sexual de menores ou violação, quando decorram em contexto de especial perversidade ou censurabilidade, a definir em lei especial?” é a pergunta que será colocada aos 11.313 militantes, depois de André Ventura ter afirmado que é contra a pena de morte, devido à sua “formação e fé cristã”, embora defenda que a prisão perpétua passe a ser a moldura penal mais dura em Portugal.

Nesta sexta-feira, numa mensagem de vídeo dirigida aos militantes, André Ventura apelou à participação dos militantes – que têm direito a votar desde que inscritos até 25 de agosto e com quotas regularizadas até 48 horas antes do início do ato eleitoral – para dar força ao partido nos combates eleitorais que se seguem, com as regionais dos Açores a 25 de outubro, as presidenciais em janeiro de 2021 (nas quais o líder do Chega procura travar a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa) e as autárquicas, a realizar em setembro ou outubro desse ano.

A votação decorre presencialmente, entre as 10h00 e as 18h00 deste sábado, em todos os distritos de Portugal Continental, na Madeira e nos Açores (em Ponta Delgada), em instalações do partido e também em locais como hotéis e restaurantes. Além da dimensão da reeleição de Ventura e do referendo sobre a pena de morte, serão eleitos os delegados à II Convenção Nacional do Chega, que decorre a 19 e 20 de setembro na cidade de Évora, da qual sairão os novos órgãos dirigentes.

Os distritos onde existem mais inscritos em condições de votar são Lisboa (2.816), Porto (1.601) e Setúbal (1.036), seguindo-se Braga (915), Faro (724), Santarém (640), Aveiro (584), Coimbra (531) e Leiria (492). Évora tem 309 militantes com quotas em dias, Viseu tem 303 e a Madeira 224, enquanto Viana do Castelo conta com 177, Castelo Branco 176, Vila Real 156, Beja 152, Açores 130, Portalegre 125, Guarda 117 e Bragança 105.

A eleição direta para a presidência do Chega ocorre por André Ventura estar demissionário desde abril, reagindo ao que disse ser a oposição interna daqueles que, atraídos pelo crescimento do partido nas sondagens, “procuram sempre um lugar ao sol, a todo o custo, sem escrúpulos, sem regras, estão sempre à espera do momento certo para atacar, que querem fazer do Chega uma espécie de segundo PSD, ou segundo PS ou segundo CDS”.

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