No meio de uma disputa sem fim à vista entre o governo italiano – controlado pela coligação entre a Liga de Matteo Salvini e o Movimento 5 Estrelas (M5S) de Luigi Di Maio – e a Co missão Europeia a propósito do Orçamento para 2019, ocorreram as eleições regionais na província autónoma de Trentino-Alto Adige, cuja capital é a célebre cidade de Trento.
E, do ponto de vista da Comissão Europeia, as coisas dificilmente podiam ter corrido pior. É que, não só a Liga venceu as eleições – com mais de 46% dos votos, retirando o controlo do governo as formações de esquerda ou do centro que governavam desde 1945 – como o seu parceiro no governo, o M5S foi um dos derrotados do dia.
Ou seja: a formação que, no meio da deriva protecionista italiana, ainda tentava manter transitável a ponte com a União Europeia, o M5S, viu a sua posição largamente batida pelos parceiros da coligação. De algum modo, o que isso quer dizer é que o povo italiano está a rever-se na Liga e a apoiar o braço de ferro que Matteo Salvini mantém com a Comissão Europeia.
Das eleições, que decorram no domingo passado, resultou que o ex-subsecretário da Saúde, Maurizio Fugatti (da Liga) é o novo governador, com 46% dos votos, deixando o candidato do da esquerda, o senador Giorgio Tonini (ex-Partido Democrático de Matteo Renzi), bem longe, depois de ter conseguido apenas 25%. O candidato do M5S, Filippo Degasperi, foi pouco além dos 7% – de onde resulta um ‘gap’ de pouco menos de 40 pontos percentuais entre as duas formações que lideram o governo central.
Por outro lado, a participação eleitoral foi da ordem dos 64%, considerada alta – o que pode querer dizer que os italianos estiveram interessados em mandar pela via regional um recado claro à Comissão Europeia.
As eleições regionais de 2018 são realizadas em datas diferentes em seis regiões: 4 de março, em simultâneo com as eleições em Lazio e Lombardia, em 22 de abril em Molise, em 29 de abril em Friuli-Venezia Giulia, em 20 de maio, em Valle d’Aosta e a 21 de outubro em Trentino-Alto Adige.
Face a estes resultados, cresce de volume a hipótese de a Liga estar a consolidar a sua posição para, o mais tardar no próximo ano, fazer entrar o governo de coligação em crise e insistir em eleições antecipadas. Fica a dúvida sobre se essa oportunidade surgirá antes ou depois das eleições parlamentares europeias, que se realizarão em maio do próximo ano.
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