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Eles sabem porque não ficam em casa

Hong Kong, Irão, Catalunha, França e América Latina compõem a geografia da rua como instrumento político. E válvula de escape de todos os regimes.
23 Novembro 2019, 17h00

Por definição, é nas ruas que a coisa social acontece e foi em primeiro lugar nas ruas que aconteceram muitos dos sucessos que acabariam por mudar a face do mundo. Mas tudo isso foi há muito tempo. Depois, a vontade das ruas foi substituída por um avatar que podia ter tomado o nome de democracia por subscrição mas que se chamou apenas democracia, e que fez transitar a vontade de cada um para alguém que a represente, retirando a democracia das ruas e encafuando-a numa sala a que alguém chamou parlamento e onde preferencialmente não cabia mais ninguém senão os eleitos – eles próprios pares entre si, alegando públicas virtudes e reservando pecados, se acaso cometidos, para a esfera privada. E a rua ficou vazia.

Mas não por muito tempo: sazonalmente, as ruas voltam a encher-se e, salvo as exceções que confirmam a regra, enchem-se para a contestação. Daí a tendência das democracias, mesmo das que não são consideradas excessivamente musculadas, para considerarem as ruas como uma espécie de antecâmara do caos, que deve ser evitada com ordens de despejo, proibições de ajuntamentos, polícia de choque, gás lacrimogéneo, canhões de água e balas de borracha que, se tudo isto falhar mesmo quando usado em conjunto, deve então ser substituído por balas e canhões a sério – não vá alguém queixar-se, pelo uso da água, de crime contra o ambiente.

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