Rui Ivo, presidente do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, em entrevista ao Jornal Económico, admite a previsão de Portugal receber em 2021 vacinas fabricadas por oito laboratórios, considerando que “existe capacidade em Portugal para a produção de determinadas etapas no fabrico de vacinas Covid-19”. O Infarmed exerce a sua atividade sob a tutela do ministro da Saúde – sucessora da Direção-Geral dos Assuntos Farmacêuticos e do Centro de Estudos do Medicamento – integra e participa nos comités e grupos de trabalho do Conselho da União Europeia, da Comissão Europeia e da Agência Europeia de Medicamentos, promovendo iniciativas no âmbito do Sistema Europeu de Avaliação e Supervisão de Medicamentos e Produtos de Saúde, da Rede Europeia de Autoridades do Medicamento e de Produtos de Saúde e da Rede de Laboratórios Oficiais de Comprovação da Qualidade de Medicamentos da Europa. Duranta a atual crise pandémica o Infarmed tem sido um dos organismos mais solicitados na definição das estratégias de saúde pública que visam o combate à propagação do vírus SARS-Cov-2.
Como é que o Infarmed avalia a capacidade de resposta portuguesa à pandemia da Covid-19?
Desde o início de 2021 que estamos a percorrer um longo caminho. A pandemia com que convivemos atualmente veio mudar por completo as nossas vidas, não só obviamente na área da saúde, mas também noutras áreas como a social e económica, só para dar alguns exemplos. Foi necessário dar resposta a um número elevadíssimo de situações que foram surgindo, tendo como objetivo a melhor forma de proteger o nosso país e os portugueses. Esta pandemia, pela sua particularidade, obrigou a que todos nos adaptássemos a uma nova realidade, uma realidade complexa e, neste sentido, as instituições também tiveram que fazer a sua adaptação, nomeadamente, as instituições da área da saúde, com responsabilidades particulares no combate à pandemia. Temos que continuar a realizar este trabalho todos em conjunto, para que possamos continuar confiantes nos resultados que poderão ser alcançados e na forma como tudo irá decorrer.
Quantas vacinas e de que laboratórios chegarão a Portugal em 2021?
Neste momento já foram alvo de parecer positivo pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), através do Comité de Medicamentos de Uso Humano onde participam peritos de todas as autoridades como o Infarmed, e aprovadas pela Comissão Europeia (CE), as vacinas do consórcio BioNTech/Pfizer e do laboratório Moderna. Também a vacina do laboratório AstraZeneca já se encontra na fase final da avaliação. Além destas três vacinas, e conforme os acordos estabelecidos ou em curso pela CE, a previsão é que durante o ano de 2021 possam estar disponíveis mais cinco vacinas, dos laboratórios Sanofi/GSK, Johnson&Johnson, Curevac, Novavax e Valneva. Relembramos que esta informação é uma estimativa, criada a partir dos contactos estabelecidos com a indústria farmacêutica e que assenta na previsão atual dos prazos previstos para a avaliação das vacinas.
Como foi feita a aquisição das vacinas?
Há vários meses que a Comissão Europeia tem vindo a construir um portefólio de várias vacinas, com base em diferentes tecnologias, decorrente da “Estratégia sobre Vacinas” apresentada e acordada pelos Ministros da Saúde da UE em junho de 2020. Um portefólio comum e diversificado de vacinas de forma a maximizar a imunidade através destas ferramentas. Como este processo teve o seu início ainda antes da conclusão do desenvolvimento de qualquer vacina, a opção recaiu na escolha de vários laboratórios, para aumentar as hipóteses de um acesso mais rápido a uma ou várias vacinas, uma vez comprovada a sua segurança e eficácia. A escolha pelo formato centralizado das negociações, através da liderança da CE, promoveu um maior poder de compra e garantia de acesso equitativo a todos os Estados-membros.
Há capacidade de produção de vacinas em Portugal?
O desenvolvimento de medicamentos/vacinas é um processo complexo que passa por diversas fases. Podemos afirmar que existe capacidade em Portugal para a produção de determinadas etapas no fabrico de vacinas Covid-19, carecendo algumas destas entidades de investimento neste âmbito.
Apesar de toda a informação que os portugueses recebem todos os dias, persistem dúvidas sobre a duração do plano de vacinação contra a Covid-19; ou sobre se será necessário fazer reforços das vacinas, como acontece com a vacina contra a gripe; sobre o efeito de cada vacina; ou, ainda, se assegura imunidade, eventualmente, durante vários anos. Que se pode dizer sobre isto?
Ainda não se conhece o perfil de imunidade a longo prazo que as vacinas conferem, dado que os ensaios clínicos ainda se encontram a avaliar este parâmetro.
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