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Em 38 anos de existência, PEV votou sempre de forma igual à do PCP nos Orçamentos do Estado

Apesar de manter o tabu sobre o sentido de voto, ao longo dos seus mais de 38 anos de existência, o PEV acompanhou sempre o seu parceiro de coligação – o PCP – na hora de votar as propostas orçamentais. Sentido de voto será conhecido esta terça-feira.
  • Cristina Bernardo
27 Outubro 2020, 08h05

O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) vai divulgar esta terça-feira como vai votar, na generalidade, a proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) apresentada pelo Governo. Apesar de manter o tabu sobre o sentido de voto, ao longo dos seus mais de 38 anos de existência, o PEV acompanhou sempre o seu parceiro de coligação – o Partido Comunista Português (PCP) – na hora de votar as propostas orçamentais.

Criado em maio de 1982, o PEV já foi chamado a votar Orçamentos de Estado por 39 vezes e, em todas delas, a forma como votou foi igual à do PCP, partido com o qual os ecologistas concorreram sempre coligados a eleições, primeiro na Aliança Povo Unido (APU), de 1983 a 1987, e depois na Coligação Democrática Unitária (CDU). Não é, por isso, de estranhar que na hora de votar, os dois partidos apresentem semelhanças (e, neste caso, são bastantes).

Nos Orçamentos do Estado, de 1983 até 2015, o PCP e o PEV votaram sempre conta todas as propostas orçamentais, tivesse elas sido apresentadas pelo Partido Socialista (PS) ou Partido Social Democrata (PSD). O voto contra quer dos comunistas e como dos ecologistas aos sucessivos Orçamentos do Estado verificou-se tanto na generalidade como depois da votação final global das propostas.

Nos Orçamentos de 1983 a 1985, o antigo deputado do PEV António Gonzalez era considerado como “deputado independente” para efeitos de contabilização dos votos. O mesmo aconteceu nos dois anos seguintes com os votos da ex-deputada Maria Amélia Santos. Só a partir do Orçamento de Estado para 1988 é que os votos começaram a ser atribuídos ao PEV, dado que a CDU é apenas uma coligação que concorre às eleições e que, depois disso, se dividia em dois partidos diferentes (PCP e PEV).

Mesmo nas votações anteriores a 1988, os deputados independentes do PEV votaram sempre em linha com o PCP. Nos registos da Assembleia da República, consultados pelo Jornal Económico, consta que, entre 1989 e 1991, o PEV terá acompanhado o voto contra do PCP na generalidade, mas não terá votado na votação final global.

Só na votação do Orçamento do Estado para 2016 (OE2016), após a tomada de posse de António Costa e a formação da chamada “geringonça”, é que o PEV e o PCP passaram a votar a favor das propostas orçamentais apresentadas pelo Executivo, quer na generalidade como na votação final global. A situação manteve-se nos três orçamentos seguintes, mas haveria de mudar com o fim dos acordos parlamentares à esquerda.

No Orçamento do Estado para 2020 (OE2020) bem como, mais tarde, no Orçamento Suplementar, o PCP e PEV começaram por abster-se na generalidade para logo depois chumbarem a proposta orçamental na votação final global.

O PEV ainda não revelou como vai votar agora o OE2021, mas o PCP já veio anunciar que se irá abster na votação na generalidade. Em conferência de imprensa na sexta-feira, o líder parlamentar do PEV, José Luís Ferreira, não quis antecipar “qualquer sentido de voto”, porque a direção do partido “só na segunda-feira tomará essa decisão”, depois de o partido ter reconhecido que houve avanços nas negociações com o Governo.

O sentido de voto da bancada do PEV, com dois deputados, no OE2021 será anunciado às 10 horas desta terça-feira, a poucas horas de começar o debate, na generalidade, na Assembleia da República.

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