Os preços da eletricidade no mercado ibérico atingiram na quarta-feira valores acima de 380 euros MWh. A subida dos preços acima do patamar dos 300€/MWh tem como principal explicação a subida dos preços do gás europeu, assim como dos elevados preços dos direitos de emissão de CO2. Durante a semana passada, a eletricidade em Portugal apresentou uma média de 290€/MWh, que compara com os 47€/MWh registados no período homólogo – que já não era na altura um preço baixo. Os preços continuam muito acima do observado em 2020, tendo em conta que no atual trimestre a média dos preços da eletricidade se situa nos 205€/MWh, ou seja 165€/MWh acima do registado nos últimos 3 meses do ano anterior: uma subida de 412,5%!

O cenário é transversal a toda a Europa ocidental e piorou ainda mais quando a Rússia decidiu fechar as torneiras do gás, salientando a dependência energética que se revela como uma enorme debilidade geoestratégica. A Rússia está a pressionar a Europa quanto à aprovação do Nord Stream 2 e à questão ucraniana, mas só o faz… porque pode.

Não é fácil resolver o problema no curto prazo, sendo lógico pensar que a Europa tem de resolver o tema da dependência energética. Este nível de preços é incomportável para os agentes económicos europeus, cuja competitividade fica completamente posta em causa.

Um dos aspetos a rever está na formulação dos preços. Nesta altura, o preço do MWh está a ser muito influenciado pelo custo marginal. Ou seja, os altos preços do gás e das licenças de carbono acabam por influenciar todo mix energético, mesmo o que é produzido a custos muitíssimo mais baixos como a eletricidade proveniente das renováveis. Esta é uma lógica difícil de entender e que deveria ser revista no curto prazo para impedir uma maior escalada de preços que a quase ninguém serve. Como hoje ouvi dizer, falta um momento “whatever it takes” no mercado da eletricidade europeu.