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Novo Banco com prejuízos de 555,3 milhões. Até junho, estima pedir 176 milhões ao Fundo de Resolução

O banco ‘legacy’, que é o banco mau, teve perdas de 493,7 milhões de euros e, em face destas, o Novo Banco estima pedir, até junho uma injeção de capital de 176 milhões de euros ao abrigo do mecanismo de capital contingente (CCA), ao Fundo de Resolução.
  • Cristina Bernardo
31 Julho 2020, 17h30

O Novo Banco teve um prejuízo de 555,3 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, anunciou esta sexta-feira a instituição financeira liderada por António Ramalho. Face ao primeiro semestre de 2019, agravou as perdas em cerca de 39%.

O banco ‘legacy’, que é o banco mau, teve perdas de 493,7 milhões de euros e, em face destas, o Novo Banco estima pedir, até junho uma injeção de capital de 176 milhões de euros ao abrigo do mecanismo de capital contingente (CCA), ao Fundo de Resolução.

“O Novo Banco continua a cumprir com o seu plano estratégico, objetivos e compromissos assumidos pelo Governo Português com a DGComp. Neste período, o Banco continuou a evidenciar progressos nas suas prioridades estratégicas, com resultados positivos no produto bancário comercial recorrente, não obstante os já visíveis efeitos da pandemia COVID-19. Na atividade legacy prosseguiu-se com a estratégia de redução dos ativos não produtivos”, refere a instituição financeira.

O Novo Banco registou imparidades adicionais em face dos riscos inerentes à pandemia de Covid-19 de 138,3 milhões.

A par das imparidades, o resultado semestre é justificado ainda pelas perdas de 260,6 milhões de euros com a reavaliação de fundos de reestruturação, de 78,7 milhões relativos com a cobertura de risco de taxa de juro de títulos de dívida pública portuguesa e ainda por causa da provisão de 26,9 milhões para a reestruturação do banco.

O Jornal Económico sabe que o Novo Banco pretende classificar os fundos de reestruturação e vender estes ativos no mercado, que estão cobertos a 80% pelo mecanismo de capital contingente.

A avaliação ao fair value dos fundos de reestruturação surge após notificação do Banco Central Europeu, em 2018, para que o Novo Banco realizasse essa avaliação independente, que ficou a cargo da Alvarez& Marschal, que desenhou o plano de redução de NPL do banco em 2016.

Foi o relatório da Alvarez& Marschal que levou o Novo Banco a registar de forma provisória os 260 milhões de euros.

No Novo Banco ‘recorrente’, que é o banco bom, o resultado líquido no semestre ascendeu a 34 milhões de euros, o que se traduz numa quebra homóloga de 70%. Este resultado deve-se à contração do resultado operacional, que contraiu 45,6% em termos homólogos para 132,4 milhões de euros.

O produto bancário comercial, isto é, as receitas com a margem financeira e comissões, estabilizou nos 387,8 milhões de euros. Mas o produto bancário, isto é, incluindo os resultados de operações financeiras e outros resultados de exploração, caiu 55,9%, para 358 milhões de euros.

A carteira de crédito atingiu os 24.380 milhões de euros, isto é, um crescimento de 2,7% face a junho de 2019, impulsionada pelo crescimento de 5,8% do crédito a empresas.

O crédito malparado caiu 2,6% em doze meses para 921 milhões de euros. O Novo Banco constituiu imparidades no montante de 674 milhões de euros, isto é, um aumento de 4,6% face a junho de 2019.

O rácio de NPL melhorou de 5,6% em junho de 2019 para 3,3% em junho de 2020. O rácio de cobertura de NPL fixou-se nos 73,3%.

No consolidado, procedeu ao reforço das provisões no montante de 351,3 milhões de euros, das quais 289,5 milhões foram para crédito. Além disso, o Novo Banco referiu que “o abrandamento económico resultante da evolução da crise económica, levou inevitavelmente ao agravemento do custo do risco, tendo as imparidades para riscos de crédito sido reforçadas em 138,3 milhões (…) antecipando-se as perdas relacionadas especificamente com a pandemia Covid-19”. O banco alerta ainda que “é esperado que o nível de provisionamento se mantenha elevado nos próximos trimestres”.

Ainda no consolidado, a redução do crédito vencido há mais de 90 dias e do crédito não produtivo (incluindo disponibilidades e aplicações em instituições de crédito) conduziu à melhoria dos rácios de sinistralidade que se situaram, respetivamente, em 3,7% e 10,2% em 30 de junho de 2020 (4,0% e 11,8% em 31 de dezembro de 2019).

A cobertura por imparidades do crédito não produtivo (incluindo disponibilidades e aplicações em instituições de crédito) situou-se em 62,8% (mais 6,6 p.p. face a dezembro de 2019). A imparidade para crédito totalizou 1,9 mil milhões de euros, representando 6,9% do total da carteira de crédito.

(atualizada com mais informação)

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