Em tempos de pandemia, quem lidera? Em tempos de pandemia, lidera-se mais?

Duas questões, uma só resposta: em tempos de pandemia quem lidera, inevitavelmente lidera mais. Os líderes políticos, as chefias das grandes empresas e organizações que, de um momento para o outro, têm sido chamados a tomar decisões que não anteciparam e para as quais não estavam preparados, decerto, não hesitarão em confirmar esta realidade.

Diz-se que a sorte acontece quando a oportunidade encontra a preparação e, hoje em dia, é preciso ter muita competência, quiçá sorte, para se conseguir enfrentar e ultrapassar este surto pandémico, quer do ponto de vista humano quer do ponto de vista económico. E é em momentos como o que vivemos que, para quem está à frente de uma organização, é tão importante ter uma linha de atuação e de comunicação que deixe transparecer coragem e coerência, guiando com sensibilidade e transmitindo uma segurança eficaz.

Perante a inevitabilidade do desconhecido e da sua imprevisibilidade, um líder do século XXI tem de ser capaz de manter a sua equipa unida em torno da missão, facultar todos os recursos e meios necessários para manter a produtividade, incentivar a criatividade, gerir a mudança e levar os seus colaboradores a enfrentarem os constrangimentos do momento, com um olhar perscrutador  e clarividente, no sentido de descortinar oportunidades que, no conforto da rotina e da normalidade, dificilmente surgiriam.

Daquele que comanda, nestes tempos de incertezas, espera-se não só uma vital capacidade de resposta, de entusiasmo e de grande humanismo, como também uma imperativa compreensão para com as situações que exigem maior adaptação por parte de todos os seus colaboradores, em doses acrescidas para os elementos mais céticos, inseguros e disruptivos.

Não constituirá, pois, uma surpresa que os atuais gestores se confrontem com um sentimento de impotência perante tantas e tão difíceis decisões a tomar. Porque, nos dias que correm, quem lidera, lidera mais. Lidera ao minuto, sem rede, sem certezas e debaixo de grande pressão. Tudo mudou, e a mudança está a impor uma nova forma de liderança.

Para quem preside, como eu, a uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), sem fins lucrativos, com a missão de Agir, Incluir e Desenvolver através da Educação, fundada há quase 15 anos e que integra 20 colaboradores portugueses e moçambicanos, sabe que a liderança no terceiro setor está ainda mais à prova. O 3º setor é de grande fragilidade, e a sua sustentabilidade, nos tempos atuais, será ainda mais difícil de levar a cabo.

Caberá a quem empreende e conduz encontrar a dose certa de bom senso, determinação e resiliência para capitanear esta arca de Noé, na travessia de uma pandemia mundial, para que, passada a intempérie, se possa arribar a um porto seguro, marinheiros unidos em torno do seu comandante, e com uma capitania mais fortalecida!

Em tempos de pandemia quem lidera, inevitavelmente lidera mais.