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Empreendedores precisam de 38,3 mil euros para começar negócio tecnológico em Portugal

O estudo “Scale Up Portugal 2018” concluiu que as 25 maiores empresas com menos de cinco anos já somaram 43 milhões de euros em receitas e criaram 850 postos de trabalho. Unbabel (Lisboa), Veniam (Porto) e 360imprimir (Torres Vedras) lideram o ranking. Veja quem são as outras startups do momento e os maiores investidores em capital de risco do país.
7 Novembro 2018, 10h00

«Afinal, de quanto é que eu preciso para abrir uma empresa?». Muitas vezes, esta é “A” questão para os aspirantes a empresários, aquela que surge quase sempre nas mesas dos cafés, nas tardes de praia ou nas noites de copos onde estes têm ideia (logo depois da «Onde é que eu vou para poder criar isto?»). Segundo o estudo “Scale Up Portugal 2018”, um empreendedor necessita de uma média de 38,3 mil euros como capital inicial para iniciar um negócio de tecnologia em Portugal, mas caso se trate de uma empresa de Tecnologias da Informação (TIC) de vertente Consumidor ou Web a carteira tem de estar mais recheada: com cerca de 284,4 mil euros e 225,4 mil euros, respetivamente.

De facto, entre as 25 maiores scale-ups portuguesas de 2018, com menos de cinco anos, as TIC lideram em receita (24 milhões de euros), angariação de investimento (73 milhões de euros) e criação de emprego (500 postos de trabalho) e remuneração dos trabalhadores (média de 1.050 euros), de acordo com o novo relatório do EIT Digital e do Building Global Innovators (BGI). A organização europeia e o acelerador esmiuçaram 406 empresas nascidas em Portugal entre janeiro de 2012 e dezembro de 2017 (com base em critérios como o investimento recebido, o total de receita, o rácio entre o capital e a receita ou os empregos criados por candidatos portugueses) e chegaram a um ranking liderado pela Unbabel (Lisboa), Veniam (Porto) e 360imprimir (Torres Vedras).

Contas feitas, as ’25 magníficas’ somaram 43 milhões de euros em receitas, 110,7 milhões de euros em financiamento e criaram 850 empregos. Ao observar os números, há sobretudo dois aspetos que saltam à vista neste quadro de milhões: a maior parte (72%) do investimento é externo (80,5 milhões de euros) – essencialmente dos Estados Unidos e do Reino Unido – e o dinheiro angariado por estas jovens empresas caiu 13,9%, quando comparado com a tabela das 25 maiores de 2017. “O ecossistema português de empreendedorismo e inovação está vibrante e a expandir-se rapidamente, embora haja contratempos evidentes”, conclui o documento.

“O ecossistema nacional por si só não é capaz de financiar as grandes rondas de financiamento”

Gonçalo Amorim lidera o acelerador oriundo de colaboração entre o ISCTE-IUL e o Massachusetts Institute of Technology, que já apoiou 124 negócios, com uma taxa de sucesso de 64%. Aos jornalistas presentes no lançamento do estudo, o diretor executivo do BGI afirmou as startups nacionais ainda continuam demasiado dependentes do investimento estrangeiro:

“O ecossistema nacional por si só não é capaz de financiar as grandes rondas de financiamento. Ainda temos uma grande dependência de investimento estrangeiro. Nos Estados Unidos ou em Inglaterra, os grandes contribuintes, com salários acima de 100 mil euros, colocam 10 a 15%/ano das suas receitas em capital de risco. Isso não acontece em Portugal”. Para o responsável do BGI, o país está mais avançado ao nível de criação de empresas de base tecnológica e spin-offs universitárias, mas o investimento privado não tem conseguido acompanhar.

Na apresentação da segunda edição deste estudo, que se realizou esta terça-feira à noite, no Pavilhão do Conhecimento, a diretora executiva da Ciência Viva lembrou que o percurso de muitos dos novos empresários começou ali mesmo naquelas salas, nas visitas de estudo e nos passeios pela agência nacional para a cultura científica e tecnológica, a experimentar os aparelhos e a fomentar a vontade de descobrir os ‘porquês’. “Cada startup que nasce e que vocês apoiam, geralmente, começou muito antes, quando uma criança entra num centro de ciência ou no laboratório da escola”, disse Ana Noronha.

Este ano o “Scale Up Portugal” contou com a KPMG como parceiro na investigação às startups de TIC, cleantech e indústria, consumidor e web, equipamentos médicos e health IT. Ao Jornal Económico, Nasser Sattar, head of Advisory, defendeu que as grandes organizações e multinacionais têm de apoiar as pequenas empresas nestas iniciativas científicas. “As startups têm ideias e inputs mas depois há um trabalho a desenvolver em relação à própria gestão do modelo de negócio, da tesouraria, da sua expansão internacional. Queremos fazer deste ecossistema”, assegurou o ainda membro da comissão executiva da consultora.

Luís Roque e Guilherme Braz também querem que o mundo corporate colabore com estas microempresas. O dia do CEO e do PR & Sales Specialist da HUUB começou a pisar o palco principal da Web Summit e terminou a subir ao pequeno palco montado no Pavilhão do Conhecimento: a sua empresa de serviços de logística para moda foi uma das “breakout startups” escolhidas pela cimeira tecnológica (eles garantem que foi mesmo Paddy Cosgrave quem os selecionou) para discursar no Central Stage e, mais tarde, viram-se no 22º lugar do top25 de scale-ups deste ano. Encontrámos os dois no cadeirão a assistir aos vídeos do seu primeiro grande pitch. Mais tarde, Luís disse ao jornal que não se enquadra na tendência da maioria que obteve financiamento externo – até porque, há cerca de seis meses, angariou 2,5 milhões de euros numa nova ronda de investimento encabeçada pela portuguesa Pathena.

“Este estudo traz uma dimensão que já é habitual, a do investimento, e outra que não é muito comum neste mundo: a receita”, salienta o co-fundador da empresa de e-commerce. “A nossa lógica é criar uma estrutura e, no próximo ano, levantar um série A de dois dígitos para escalarmos o negócio. Aí será novamente para a componente tecnológica e ainda mais de vendas, para assumirmos o nosso posicionamento e olharmos para o mercado americano”, adianta o jovem empresário do Porto.

Estas são as 25 empresas portuguesas consideradas “successful venture persona

Eis os maiores investidores em capital de risco em Portugal

Fonte: “Scale Up Portugal 2018” – EIT Digital, BGI, Dealroom, Informa D&B, Racius

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