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Empresas açorianas usam tecnologia para conquistar o mundo

De startups ligadas ao bem-estar animal a grupos económicos de grande dimensão, as empresas açorianas apostam no I&D para expandir negócios. O JE foi conhecer várias empresas que estão a dar cartas lá fora.
12 Julho 2020, 13h00

Quer os grandes grupos económicos dos Açores quer as startups locais têm, nos últimos anos, procurado integrar no seu roadmap a expansão internacional. A crise pode travar a presença física destas empresas em novos mercados, porém impele a encontrar alternativas: é possível dar cartas lá fora através de parcerias na Investigação e Desenvolvimento (I&D).

O Terinov – Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira, que acolhe neste momento 33 empresas e quatro projetos de cariz científico, tem acompanhado o percurso de dezenas de empresários do arquipélago. Ao Jornal Económico (JE), o diretor executivo diz que há startups “quase exclusivamente direcionadas para o mercado de exportação” que sobressaem “pela capacidade em quebrar quaisquer barreiras geográficas, provando que é possível trabalhar dos Açores para o mundo e assumindo, sem receios ou reservas, um posicionamento sério no mercado global”.

Duarte Pimentel dá o exemplo da tecnológica Eyecon, que detém uma carteira de clientes internacionais “muito interessante”, a AzoresTouch, que tem promovido a região no estrangeiro, ou a Redcatpig Studio, na indústria dos videojogos, que venceu um concurso da PlayStation. O responsável do Terinov salienta que o tecido empresarial açoriano “conta, cada vez mais, com empresas com vontade de se reinventarem e crescerem, de desenvolverem serviços e produtos diferenciadores e capazes de dar resposta às necessidades de um mercado cada vez mais exigente”.

É também o caso da YaraPets, que desenvolveu uma solução de bem-estar animal patenteada hoje na União Europeia, Estados Unidos e Rússia.

A empresa criou uma caixa de areia para gatos que se desinfeta diariamente em apenas dois ou três minutos e pretende agora fechar uma campanha de crowdfunding para lançar o produto no mercado “dentro em breve”, numa estratégia Business to Consumer (B2C).

“O plano mais importante é terminar o desenvolvimento do produto, ao que paralelamente se juntam o encerramento do processo de reconhecimento da patente no Japão e no Brasil”, conta o CEO. Dúnio Couto aplaude o facto de nos Açores haja uma “aposta de criação de condições de trabalho, oportunidades e incentivos para novas empresas e novos negócios”.

“Isto tem facilitado o acesso a novas redes, que acabam por cobrir um vasto expecto de territórios e atividades, que muito beneficia os promotores, como a sistemas e ferramentas de apoio”, diz.

A Empresa de Eletricidade dos Açores (EDA) mantém-se a liderar o ranking das 10 maiores empresas da região autónoma, de acordo com a última tabela divulgada pela revista “100 Maiores Empresas dos Açores” (2018). No ano passado, o grupo apresentou lucros de 16,5 milhões de euros e, apesar de o chairman antecipar uma redução no resultado líquido anual, prevê números “claramente” positivos. Composto por quatro empresas (EDA, EDA Renováveis, Globaleda e Segma) inseridas no mercado regional, o grupo têm participado em consórcios internacionais sobre eficiência energética e mobilidade – entre os quais o V2G (Vehicle to Grid) – e noutros projetos de navegação aérea com a Agência Espacial Europeia.

Ao JE, o presidente do conselho de administração da EDA diz que os Açores estavam a ganhar notoriedade nos mercados internacionais, sobretudo devido ao crescimento expressivo dos fluxos turísticos nas ilhas dos Açores surgiam novas iniciativas de oferta turística, algo que a pandemia acabou por abalar. “Os primeiros dois meses foram de estrito confinamento e de uma paragem brusca de muitos setores da atividade económica. Desde junho assiste-se a uma retoma, ainda incipiente, que tem de ser acarinhada e muito cuidada para voltarmos a uma suposta nova normalidade. A verdadeira retoma só será conseguida quando a segurança das pessoas for restabelecida. Em 2020 prevejo que todas as empresas acabem por ser afetadas negativamente para este contexto da pandemia”, refere Duarte Ponte.

O diretor executivo do Terinov mostra-se mais otimista, porque acredita que o dinamismo do ecossistema empreendedor e os protocolos de cooperação com parceiros vão ser cruciais neste processo de recuperação económica e expansão internacional. “Materializam-se, por exemplo, na participação em projetos de I&D. Estes mecanismos têm permitido posicionarmo-nos internacionalmente enquanto entidade de interface ao serviço da promoção de uma cultura científica, tecnológica, de inovação e de empreendedorismo de elevada qualidade e rigor”, destaca.

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