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Empresas dos Estados Unidos cortam investimento na China devido a tarifas e incerteza

As empresas referem também a desaceleração da economia chinesa, marcada por uma fraca procura interna e excesso de capacidade industrial, como fatores que têm vindo a erodir a rentabilidade dos negócios no país asiático.
17 Julho 2025, 07h53

As empresas norte-americanas na China preveem mínimos históricos de novos investimentos em 2025, citando incertezas políticas e a guerra comercial como principais preocupações, segundo um inquérito da Câmara de Comércio EUA-China, divulgado hoje.

As empresas referem também a desaceleração da economia chinesa, marcada por uma fraca procura interna e excesso de capacidade industrial, como fatores que têm vindo a erodir a rentabilidade dos negócios no país asiático.

“As empresas estão atualmente menos lucrativas na China do que há alguns anos, mas os riscos – desde os reputacionais aos regulatórios e políticos – estão a aumentar”, afirmou Sean Stein, presidente da Câmara de Comércio EUA-China, organização com sede em Washington, que representa grandes multinacionais norte-americanas com operações no país.

O inquérito, realizado entre março e maio junto de 130 empresas, surge num contexto de tensões comerciais entre Pequim e Washington, que incluem taxas alfandegárias e controlos à exportação de produtos estratégicos como semicondutores avançados e minerais de terras raras.

Apesar de conversações de alto nível em Genebra e Londres terem resultado em acordos para aliviar parte das restrições, a ausência de um pacto comercial duradouro mantém a incerteza no setor.

Mais de metade das empresas inquiridas indicaram que não têm planos de novos investimentos na China este ano – um valor recorde, segundo Kyle Sullivan, vice-presidente da entidade.

Cerca de 40% das empresas relataram efeitos negativos resultantes das medidas de controlo às exportações impostas pelos EUA, incluindo perda de vendas, rutura de relações com clientes e danos reputacionais por serem consideradas fornecedoras pouco fiáveis.

As restrições afetam sobretudo produtos de alta tecnologia, cujo potencial uso militar preocupa Washington.

Sean Stein advertiu que estas medidas devem ser aplicadas com precisão, sob pena de empresas europeias, japonesas ou chinesas preencherem rapidamente o vazio deixado pelas companhias norte-americanas.

A fabricante norte-americana de ‘chips’ Nvidia recebeu recentemente autorização do Governo dos EUA para retomar a venda à China dos ‘chips’ H20, utilizados em sistemas de inteligência artificial, anunciou o presidente executivo da empresa, Jensen Huang. No entanto, os semicondutores mais avançados da empresa continuam sujeitos a restrições.

Apesar de 82% das empresas terem registado lucros em 2024, menos de metade manifestaram otimismo quanto ao futuro das operações na China, citando as tarifas, deflação (queda anual nos preços no consumidor) e imprevisibilidade política como fatores de risco.

O número de empresas norte-americanas com planos para transferir operações para fora da China atingiu também um máximo histórico: 27%, face a 19% no ano anterior.

Pela primeira vez em anos, questões como o ambiente regulatório chinês, proteção de propriedade intelectual ou acesso ao mercado deixaram de figurar entre as cinco principais preocupações das empresas.

“Não é porque a situação tenha melhorado significativamente, mas sim porque os novos desafios, muitos deles vindos dos EUA, se tornaram igualmente problemáticos”, disse Sean Stein.

Quase todas as empresas inquiridas reconheceram, no entanto, que não conseguem manter a competitividade global sem a presença no mercado chinês.

Um relatório semelhante da Câmara de Comércio da União Europeia na China, publicado em maio, apontava igualmente para cortes nas despesas e planos de redução de investimentos, devido à desaceleração económica e à intensa concorrência no mercado local.

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