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Empresas e executivos valorizam aulas presenciais

A formação online veio para ficar, mas está longe de ofuscar a sala de aula. Três anos depois do início da pandemia da Covid-19 que acelerou o uso dos meios digitais no ensino e na formação, executivos e quadros das empresas e outros destinatários dos cursos de pós-graduação em gestão continuam a privilegiar o espaço físico.

“A qualidade de ensino, o networking que os programas proporcionam, a vivência no campus, são apenas algumas das razões por que o presencial é ainda e continuará a ser fundamental”, diz Pedro Brito, associate dean da Nova SBE com o pelouro de Executive Education and Business Transformation, ao Jornal Económico (JE).

O professor destaca o papel da tecnologia como “oportunidade de complemento educativo, não só através de conteúdo online, mas também através de ferramentas de apoio à aplicação prática do conhecimento adquirido”, mas refere que, até agora na Nova SBE “tem existido uma clara preferência por programas presenciais”.

De resto, nas principais escolas de negócios portuguesas que o Jornal Económico ouviu, o cenário não difere por aí além.

Catarina Paiva, diretora dos Programas de Inscrição Aberta do ISEG Executive Education, adianta ao JE que “o formato híbrido nas formações assume um papel cada vez mais relevante, mas é clara a importância e valorização que os executivos e empresas dão ao formato presencial”.

E se, explica, a conciliação com horários exigentes e até a possibilidade de participantes de diferentes geografias frequentarem os programas, aumenta a valorização de opções como o online e live streaming, “os momentos presenciais possibilitam a componente fundamental de networking com pares e professores que continua a ser muito valorizada e elogiada pelos participantes”.

Escolas afinadas pelo mesmo diapasão
A par do conhecimento e das novas competências, a possibilidade de enriquecimento da rede de contactos é inestimável para quem faz formação pós-graduada. Madalena Duarte, subdiretora para o Ensino Pós-Graduado e Formação Avançada da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, refere ao JEque “em todos os cursos, com uma matriz de ensino presencial, há uma forte aposta no diálogo com profissionais, empresários e académicos conceituados externos à Faculdade, através de workshops, conferências, aulas abertas, entre outros formatos”.

Por seu turno, Shital Jayantilal, diretora do Departamento de Economia e Gestão da UPT(Universidade Portucalense) enfatiza a importância da relação humana e refere que na instituição, “o ensino é sempre centrado no aluno”. Isso foi algo que se manteve como basilar, mesmo durante a Covid-19, acrescenta.

“O ‘novo normal’, implicou o ‘regressar’ ao presencial, que é, na sua essência, insubstituível, mas, o sistema híbrido mostrou também vantagens por isso tem se mantido na formação executiva”, adianta Shital Jayantilal.

Três anos depois do início da Covid-19, a oferta do Iscte Executive Education é tão rica quanto poderia ser. A instituição liderada por José Crespo de Carvalho oferece todos os formatos: presencial, blended, híbrido e on-line, bem como todos os experienciais com hackatons, speed-challenges, debates abertos, e por aí fora.

O presidente da Comissão Executiva do Iscte Executive Education adianta ao JE que a procura está a ser boa, mas não é homogénea. Em Portugal revela-se “um pouco flutuante por causa da inflação”, já em termos internacionais sim, está “muito boa”. As formações pós-graduadas do Iscte são também – e muito – feitas para o exterior. “Um mundo de oportunidades”, segundo o professor José Crespo de Carvalho, se tivermos em consideração que no pós-Covid ainda há “uma muito maior vontade” por fazer programas no exterior.

Neste campo, afirma: “Portugal classifica-se como um lugar acessível, de bom clima e alimentação e de excelente ensino, abrindo portas para a Europa e o mundo. Se a isso juntarmos o nosso ensino hands-on, o saber fazer, o saber estar e ser que privilegiamos, conseguimos resultados muito interessantes”.

A norte, a Porto Business School, escola de negócios da Universidade do Porto, tem apostado em força na inovação digital, entregando, por exemplo, desde a pandemia os programas nos formatos presencial e híbrido. E embora, segundo Patrícia Teixeira Lopes, vice-dean da Escola, o online crie “outras oportunidades”, oferecendo “uma camada extra de adaptabilidade e flexibilidade – os estudantes podem, por exemplo, frequentar um programa, na íntegra, à distância ou superar desafios pontuais”, o campeonato continua a jogar-se. “Ainda se verifica uma preferência pelo regime presencial”, revela.

No vizinho ISAG Executive Academy, Cristina Cunha, a coordenadora, enfatiza o networking como ponto forte da oferta da Escola, bem como a relação e proximidade às empresas.
Proximidade é carta que a Católica Lisbon School of Business & Economics continua a jogar. O formato Presencial com Transmissão Live-Virtual, para todos os clientes e participantes que por motivos profissionais estejam limitadas a assistir a alguma sessão presencial está a ser um sucesso, revela Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivo da Católica-Lisbon ao JE.

Explica que é o formato que melhor permite conciliar a exigência de atividade profissional com a disponibilidade pessoal na formação. “Um executivo em formação aos dias de hoje tem em média uma literacia digital e um hábito a ambientes híbridos muito maiores do que no passado”, justifica Abecassis-Moedas. As melhores business schools têm de acompanhar a tendência prestando uma formação com metodologias e formatos “que façam sentido e encaixem nos hábitos e disponibilidade dos participantes”.

Na formação, o formando e a sua palavra contam e muito.
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