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Empresas precisam de investir 65 biliões de euros para atingir metas do Acordo de Paris

Empresas a nível mundial terão de investir 64,88 biliões de euros para atingir as metas do Acordo de Paris, de acordo com um estudo da Boston Consulting Group divulgado esta terça-feira. Em Portugal, apesar de ser uma prioridade, ainda são poucas empresas que fazem esse investimento.
12 Outubro 2021, 17h50

Será necessário um investimento de 75 biliões de dólares (cerca de 64,88 biliões de euros) para as empresas e os negócios alcançarem os objetivos previstos no Acordo de Paris — um acordo assinado em 2015 por 191 nações mundiais com o objetivo de limitar a subida da temperatura média global a 1,5 graus Celsius até 2050.

De acordo com um relatório elaborado pela consultora Boston Consulting Group (BCG) em colaboração com as organizações ambientais ANP|WWF, intitulado “Para além das metas baseadas na ciência: um plano de ação corporativa para o clima e a natureza”, e divulgado esta terça-feira, para concretizar os objetivos previstos, o estudo propõe um Plano Corporativo de Mitigação Climática às empresas de todo o mundo, recomendando o desenho de uma estratégia “que maximize o seu impacto climático e responda ao problema do desfasamento entre o conjunto de soluções atualmente disponíveis e a escala dos problemas que este procura resolver”.

Segundo o relatório da Boston Consulting Group, o plano deverá passar sobretudo, pela contabilização e divulgação das emissões de gases poluentes, a fim de quantificar a pegada de carbono das empresas. Segue-se o desenho de medidas que prevejam a reduzir as emissões da cadeia de valor, em linha com um ambicioso plano com base científica, sendo necessário quantificar o compromisso financeiro fixando preços pelas restantes emissões. Por último, dá-se lugar à alocação de investimento para criar impacto positivo no clima e natureza.

Numa altura em que, só na União Europeia os Estados-membros comprometeram-se em reduzir as emissões em, pelo menos, 55 % até 2030, o relatório realça que “Portugal tem progredido no caminho para a neutralidade carbónica”, dando como exemplo como em 2019, “foram emitidas menos 30% de toneladas de equivalentes de CO2 (CO2e) per capita do que a média da União Europeia”.

Neste momento, Portugal conta no top 10 dos países com maior utilização de energias renováveis a nível mundial. “No entanto, continuam a ser necessários investimentos relevantes, em especial no setor da energia, que representa cerca de 23% das emissões totais de gases de efeito de estufa (GEE) no país, e nas indústrias cimenteira e química”, lê-se.

Apesar de o relatório apontar a descarbonização como o caminho a seguir, são identificados desafios em termos de ineficiência de resposta e custos, quer por não existir “escala suficiente, quer por ser necessário o desenvolvimento de tecnologias adjacentes”.

“Salienta-se ainda a dificuldade em contabilizar e reduzir o impacto de algumas cadeias de valor como uma barreira à descarbonização das empresas. Se, por um lado, as empresas portuguesas trabalham diretamente na descarbonização da sua atividade, por outro, ainda são raros os casos em que estas investem financeiramente para compensar as emissões que não lhes é ainda possível reduzir”, frisam.

“Apesar de observarmos cada vez mais empresas a anunciarem planos de descarbonização, a maioria ainda não conseguiu concretizar uma estratégia que responda ao desafio climático e ao mesmo tempo permita capturar benefícios relevantes, quer na redução de custos, no crescimento de novos negócios ou na aplicação de preços premium. Em Portugal, esta dificuldade é ainda maior pela grande representatividade das pequenas e médias empresas no tecido empresarial, que têm menores recursos para estas iniciativas. Assim, é urgente que as empresas possam implementar mecanismos para contabilizar a sua pegada carbónica, entendendo melhor “onde”, “como” e “quando” a minimizar e que, ao mesmo tempo, repensem o seu modelo de negócio para um novo contexto socioeconómico dominado pela temática da sustentabilidade”, explica Carlos Elavai, managing director e sócio da BCG.

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