[weglot_switcher]

EDP, Galp e Finerge entre os cinco interessados no terceiro leilão de energia solar

EDP, Galp, Finerge, Akuo e Enel Green Power garantem que vão analisar o caderno de encargos do terceiro leilão de energia solar em Portugal.
7 Maio 2021, 21h30

O Governo prevê lançar este ano um leilão de atribuição de potência de energia solar. O terceiro leilão consecutivo vai ter como principal foco a construção de centrais solares no espelho de água de albufeiras em Portugal.

O Jornal Económico (JE) contactou várias das principais energéticas presentes no mercado nacional que garantem que vão estudar o caderno de encargos do próximo leilão quando for divulgado.

A EDP é uma das companhias que garante que está disposta a analisar as condições do terceiro leilão de energia solar.

“Para atrair os grandes players do para estas licitações, serão necessárias regras e condições claras. A EDP participou nos leilões portugueses de 2019 e 2020 e vai avaliar as condições dos próximos, quando as regras estiverem definidas”, disse ao JE o presidente do grupo EDP, Miguel Stilwell de Andrade.

A elétrica também revela que o seu projeto que venceu no leilão de 2019 vai arrancar no início de 2022. A central de 142 megawatts fica localizada nos municípios de Alenquer e da Azambuja.

Além do projeto saído do leilão, a EDP Renováveis encontra-se a desenvolver outros projetos em Portugal, como as centrais eólicas Tocha II (33 W) no concelho de Cantanhede, e Sincelo (92 MW), nos concelhos de Pinhel e da Guarda.

“O desenvolvimento de capacidade adicional renovável é um dos pilares-chave do nosso novo plano de negócios e Portugal mantém-se como um mercado estratégico para a EDP”, destaca Miguel Stilwell de Andrade.

Questionada sobre o leilão vir a contemplar as centrais solares flutuantes, a EDP destaca que há cinco anos avançou com a central solar fotovoltaica flutuante na albufeira do rio Rabagão, no distrito de Vila Real.

“Dado o sucesso deste projeto-piloto, a EDP está a preparar agora uma nova central, em maior escala, na albufeira do Alqueva, reforçando assim a aposta na complementaridade entre a energia solar e a hídrica e num modelo com claros benefícios ambientais e económico”, segundo o CEO da EDP.

“A empresa está, por isso, preparada para apresentar propostas em futuras iniciativas – como leilões -, até porque consideramos que os mecanismos de leilões por tecnologia serão fundamentais para dar os sinais corretos aos investidores”, destaca.

Já a Galp promete avaliar as condições do leilão assim que for revelado o caderno de encargos.

“Qualquer decisão sobre a participação dependerá, no entanto, da avaliação aos ativos e aos termos e condições associados ao concurso. Essa avaliação será feita oportunamente e se considerarmos que é uma boa oportunidade para a empresa participaremos”, afirma Susana Quintana Plaza, COO Renováveis e Novos Negócios da Galp.

A petrolífera está atualmente a desenvolver 495 MW de projetos solares fotovoltaicos em desenvolvimento: 144 MWp em Alcoutim, Algarve, bem como 343 MWp em Ourique, e 8 MWp em Odemira, ambos no Alentejo.

“Os projetos solares encontram-se em diferentes estágios de desenvolvimento, estimando-se que a capacidade instalada total esteja operacional até 2023, a começar pelo projeto de Alcoutim no início de 2022. O projeto de Alcoutim é composto por quatro centrais fotovoltaicas que se estendem por uma área de 250 hectares. A capacidade de produção anual estimada é de 250 mil megawatts-hora de energia elétrica, o suficiente para abastecer mais de 80 mil famílias e evitar a emissão de 75 mil toneladas de CO2 por ano”, explica a gestora da Galp.

Por sua vez, a Enel Green Power também adianta que está disposta a estudar as regras para o próximo leilão. No leilão de 2020, a Endesa Portugal, que pertence ao grupo Enel, conquistou 99 MW. Este projeto prevê a construção de uma central solar fotovoltaica mais capacidade de armazenamento.

“Aguardamos ainda conhecer as regras e tecnologias involucradas, no entanto, caso sejam as condições adequadas, estamos interessados em participar”, disse ao JE Antonio García Gallego da Enel Green Power.

Em relação à possibilidade do leilão contemplar energia solar flutuante, a Enel Green Power considera que “ainda não é uma tecnologia suficientemente madura para obter resultados que ajudem economicamente o sistema elétrico português. Acreditamos que o mais sensato seria que o leilão esteja fortemente baseado em fotovoltaica terrestre.

Mas a elétrica do grupo italiano aponta que está a “avaliar a oportunidade de participar também nesta modalidade, em função da forma como seja proposta (regras de participação, condições económicas, tamanho das centrais…)”.

Em relação à central com 99 MW saída do leilão de 2020 localizada na região do Algarve, este projeto “segue o processo de licenciamento de acordo com as datas fixadas no leilão 2020, quando nos foi adjudicado. A data de entrada em operação será determinada fundamentalmente pela data de disponibilidade da capacidade de evacuação da subestação”.

A Finerge é a segunda maior produtora eólica do país em termos de potência com mais de 880 MW. Mas a energética detida pelos australianos da First Sentier Investments já conta com 34 MW de energia solar instalada e está preparada para aumentar a sua presença.

“A Finerge, enquanto player relevante do sector, não descarta nenhuma oportunidade/alternativa de crescimento e de contribuir para o cumprimento das metas do PNEC 2030. Temos sempre que ponderar estas participações, seja em Portugal ou noutro país. Dependerá, sobretudo, das regras e modalidade do leilão. Tal como aconteceu com os anteriores”, disse ao JE o presidente executivo da Finerge, Pedro Norton.

Em relação à tecnologia solar flutuante, Pedro Norton adianta que a Finerge está sempre atenta a “novos avanços tecnológicos. A prová-lo está o facto de, no final do ano passado, a Finerge ter criado uma área de inovação, dedicada a temas disruptivos no , como é o caso do flutuante, do armazenamento de energia e do hidrogénio”.

Fora dos leilões, a energética conta com cerca de 400 MW de “projetos híbridos em desenvolvimento, divididos por múltiplos projetos. Também estamos a desenvolver projetos eólicos no total de 140 MW e ainda dois novos parques solares, no total de 92 MW”.

Os franceses da Akuo foram os grandes vencedores do primeiro leilão de energia solar em Portugal em 2019, ao serem a empresa que assegurou mais potência.A elétrica sediada em Paris está a desenvolver três centrais solares no Alentejo com 450 megawatts de potência e promete analisar as condições do leilão.

“Estamos atentos e iremos analisar o futuro caderno de encargos para tomar uma decisão final sobre a nossa participação”, afirmou o diretor da Akuo Portugal, João Macedo. Em relação à energia solar flutuante, destaca que já conta com uma central de 17 MW em França, e apesar de serem “projetos desafiantes a nível técnico” oferecem uma “alternativa interessante ao solar convencional numa lógica de integração territorial”.

“São projetos mais onerosos, mas o preço não pode ser o único critério. Essa evolução é positiva e reforça que os projetos é que têm de se adaptar ao território e não o contrário”, analisa João Macedo.

Em relação aos três projetos que estão a desenvolver no Alentejo, a Akuo disse que os mesmos “estão a avançar”. A construção das centrais – uma localizada perto de Estremoz e as outras duas no Gavião –, deverá arrancar este ano para entrarem em operação em 2022.

“O sucesso do leilão será materializado no dia em que começarmos a injetar a energia na rede. Estamos a trabalhar todos os dias para este objetivo”, afirma a Akuo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.