O acesso a fontes de energia é uma condição indispensável para o progresso da economia e o bem-estar das populações. Por isso capta a atenção de muitos, desde os países desenvolvidos, onde a consideram como algo adquirido e inesgotável, até aos mais pobres, onde se aspira a poder ter acesso a fontes que permitam a satisfação de necessidades básicas.

Sabemos também hoje que a sua utilização maciça, que cresceu exponencialmente com a revolução industrial, acarreta problemas que é necessário resolver. Estão entre eles o impacto no clima, devido à emissão de gases com efeito de estufa, a qualidade do ar que respiramos, particularmente nos centros urbanos, a delapidação dos recursos naturais e a criação de resíduos que podem ter elevada perigosidade.

Antes de nos debruçarmos sobre as soluções para essas questões talvez devamos elencar as verdadeiras razões, umas boas e outras más, que estão por trás dos impactos negativos acima referidos.

Falemos das “boas” em primeiro lugar: o crescimento da população por via da melhoria da qualidade e duração da vida humana, o acesso crescente das populações dos países menos desenvolvidos a bens e serviços a que outrora só os países ricos conseguiam disponibilizar. Mas também há as más: a utilização ineficiente dos recursos que temos à disposição, desde a sua extração da natureza até à utilização final; mas também a falta de preocupação com os efeitos secundários dessas atividades.

Muitas vezes, quando queremos falar em soluções, temos tendência para achar que vamos conseguir mudar tudo num curto espaço de tempo e que as tecnologias emergentes, ou mesmo já maduras, são facilmente replicáveis.

Mas a realidade mostra-nos que devemos ter uma aproximação racional a estes fenómenos, incentivar a Investigação e Desenvolvimento e deixar que as melhores soluções quer do ponto de vista tecnológico, quer social e económico sejam as que se venham a impor por mérito próprio, e não por decisões políticas que correm o risco de escolher os vencedores errados, com todas as consequências que isso acarreta.

A utilização racional das fontes de energia tradicionais, potenciadas pela melhoria da eficiência ao longo de toda a cadeia de valor, com particular ênfase na utilização final, acompanhada de uma crescente penetração de novas fontes, de forma racional e sem sacrificar desnecessariamente o binómio custo-eficiência, permitirá continuar a alimentar as necessidades crescentes, reduzindo a intensidade energética da economia, eliminando desperdícios e reduzindo drasticamente os impactos negativos que o desenvolvimento económico acarretou.

Não há deuses nem demónios nestas matérias, há sim a necessidade de todos se consciencializarem que vivemos num espaço limitado, com recursos finitos e que devemos preservá-lo para as gerações vindouras. Esse é o desafio a que todos teremos que responder de forma determinada e inteligente, procurando em cada situação a solução que melhor se adeque a esses desafios.