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“Ensinar ainda é uma função social” mesmo na era digital

E nada indica que vá deixar de o ser: a tecnologia deve ser encarada como uma ferramenta e não como uma solução milagrosa para resolver o problema do ensino, seja em que parte do mundo for.
6 Abril 2021, 19h33

Apesar de todas as promessas e de alguns sonhos, o ensino na era digital ainda é, na essência, o mesmo de sempre: “ensinar ainda é uma função social” e nada pode substituir “o face-a-face, os movimentos, as expressões”. A opinião é de Nuno Crato, antigo ministro da Educação do PSD, que intervinha na 6ª Edição do Economia Viva da Nova SBE.

Organizado pela Nova Economics Club e pela Associação de Estudantes da Nova SBE, com o aval institucional da Nova School of Business and Economics e em colaboração com a Comissão Europeia, o tema em debate esta terça-feira era ‘O ensino na era digital’.

Partindo do princípio que a educação é fundamental para o desenvolvimento económico e para a construção de uma sociedade mais justa e informada, o debate pretendia aferir sobre se a adaptação à nova realidade, utilizando métodos de e-learning de forma a garantir a continuidade da aprendizagem dos estudantes, é uma alternativa eficaz.

Vale a pena arriscar que a resposta geral é ‘não’. Com a presença de Nuno Crato, Maria Emília Santos (presidente do Conselho Nacional de Educação), Carlos Oliveira (presidente executivo da Fundação José Neves – Farfetch) e Ana Balcão Reis (economista na Nova SBE Economics of Education Knowledge Center).

Nuno Crato – que enfatizou que a ‘morte’ dos professores, profetizada para um tempo algures no início do milénio, não se verificou de todo – disse que o digital deve ser observado como um apetrecho para o ensino – que por muito que seja usado não vai substituir os ‘skills’ tradicionais do contacto direto.

Maria Emília Santos secundou o antigo ministro da Educação nas suas preocupações em relação ao digital e ao seu cruzamento com o ensino. E recordou que, por um lado, se verifica que um número não despiciendo de professores tem dificuldade em lidar com o digital – o que provoca embaraços com os próprios alunos, que ‘nasceram’ no digital; e, por outro, o digital impõe uma nova divisão entre as famílias que podem e as que não podem financiar bons equipamentos e aprendizagens para os usar.

Mais próximo do digital, ou não tivesse sido secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, preferiu afirmar que as empresas portuguesas não estão a fazer o necessário esforço para aproximar a população do digital. Mesmo que, disse, “a tecnologia não seja a solução mas apenas uma ferramenta” que deve ser colocada à disposição de todos de forma equilibrada e equitativa.

Ana Balcão Reis disse, por seu turno, que os estudos parecem apontar para que o uso de tecnologia no ensino tem um impacto moderado, ou mesmo muito moderado, no processo de ensino. Mas, como disse, são os detalhes que podem ser importantes: se a tecnologia for bem usada, os resultados acabarão por surgir. “Não acho que a tecnologia resolva tudo, mas pode ser usava para promover o ensino”, concluiu.

‘As cidades verdes do futuro’, ‘Competir num mundo global’ e ‘A presidência portuguesa e o Plano de Recuperação e Resiliência’ serão os temas em debate nos próximos três dias, sempre a partir das 18h00.

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