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Entrada da Mota-Engil México na asturiana Duro Felguera “vai estabilizar a empresa”

A entrada dos grupos Prodi e Mota-Engil México na empresa – a que se acrescenta um poderoso investimento direto dos governos central e local, vai permitir o relançamento da empresa, diz o seu CEO, Jaime Argüelles.
Mota Engil (10º lugar)
23 Fevereiro 2023, 09h49

A entrada dos grupos Prodi e Mota-Engil México no capital da Duro Felguera como acionistas de referência vai permitir a curto prazo, em 2023, aumentar as suas contratações em 50% e as vendas entre 50% e 70%, segundo refere o seu CEO, Jaime Argüelles, citado pelo site elEconomista.es.

A Duro Felguera tem atualmente uma carteira de encomendas avaliada em cerca de 560 milhões de euros já após o encerramento de um 2022 em que a contratação tem sido positiva, superando os 276 milhões esperados no plano de viabilidade. “Parece-me uma solução definitiva a longo prazo, mas agora a empresa tem de a tornar uma realidade a partir de dentro, através da nossa própria transformação, para gerar uma empresa cada vez mais competitiva e eficiente”, afirma. “Os investidores são de alto nível e geram total confiança”.

A Duro Felguera assinou esta semana um memorando de entendimento com as empresas mexicanas Grupo Prodi e Mota-Engil México pelo qual os dois novos acionistas vão injetar na empresa de engenharia asturiana 90 milhões de euros (50 e 40 milhões, respetivamente), que “precisa de ter soluções de liquidez a curto prazo”.

Posteriormente, o Grupo Prodi tornar-se-á o principal acionista da Duro Felguera com uma participação de 31%, capitalizando a dívida agora contraída através de um aumento de capital para os 50 milhões de euros. Paralelamente, a empresa espanhola realizará outro aumento de capital de 40 milhões com direitos de subscrição preferenciais para os atuais acionistas. A parte que não estiver abrangida será subscrita pela Mota-Engil México, subsidiária do grupo português Mota-Engil e que detém 49% da própria Prodi, com a capitalização parcial – ou total em caso extremo – dos 40 milhões emprestados. Deste modo, os dois investidores poderão deter até 55% da asturiana.

A operação está pendente das autorizações das autoridades do mercado e o conselho de administração da Duro Felguera convocará em breve uma assembleia geral para obter o seu consentimento. Paralelamente, o Grupo Prodi deve receber a aprovação da Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) para ficar isento da obrigação de lançar uma oferta pública de aquisição de 100% depois de a sua participação ser superior aos 30%. Também a aprovação do governo será necessária: é um investimento estrangeiro que diz respeito a mais de 10% de uma empresa espanhola considerada estratégica.

A finalização da operação, de acordo com o cronograma provisório da direção do Duro Felguera, está previsto para dentro de “três ou quatro meses”, embora “não seja seguro”, já que depende das autorizações de todos os órgãos envolvidos. De qualquer forma, “não esperamos problemas”, refere Argüelles.

O presidente executivo da empresa explica que “não temos qualquer confirmação” de que os atuais acionistas relevantes, incluindo a TSK, vão acompanhar o aumento de capital preferencial: trata-se de “uma operação, naturalmente, altamente confidencial”. “Temos a firme expectativa de que a operação seja um benefício para todos, especialmente para os atuais acionistas e, portanto, que seja bem recebida”, acrescenta. “Temos incerteza sobre que parte dos 40 milhões os atuais acionistas cobrirão porque há uma grande atomização, mas espero que seja o máximo possível”, acrescenta.

Os 90 milhões de euros dos aumentos de capital somam-se aos 120 milhões em empréstimos obtidos pela Duro Felguera à SEPI (holding estatal espanhola) no ano passado e aos seis milhões do governo das Astúrias. Estes empréstimos têm de ser reembolsados até 2027 com uma carência de dois anos.

Relativamente à gestão, o CEO explica que “ainda não a abordámos”, embora “tenhamos uma grande harmonia com os investidores e uma relação muito próxima, de elevada confiança”. Da mesma forma, o plano de viabilidade da empresa após a entrada dos novos sócios será revisto: ” neste momento não o temos encerrado”.

A entrada dos novos acionistas “dá-nos três objetivos a cobrir: ter investidores de referência, o que é importante para a geração de confiança nos diferentes mercados financeiros; reforçar a nossa posição de caixa; e criar sinergias e relações comerciais”, detalha. A empresa asturiana pretende concorrer em conjunto com os seus parceiros. Dois negócios perfilam-se no horizonte:  “no México, o projeto Nearshoring” e “uma maior presença em África – Angola e Nigéria”. O foco, no entanto, continuará centrado em Espanha e na Europa.

A Duro Felguera conta atualmente com cerca de 1.200 trabalhadores. No final de 2022, aprovou um Dossier de Regulamentação do Emprego (ERE, semelhante ao lay-off nacional)) para 255 pessoas.

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