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Entre 15% a 23% dos jovens atletas podem ter uma segunda lesão no joelho

Um estudo afirma que 15% a 23% dos jovens atletas com menos de 25 anos que sofreram uma lesão do ligamento cruzado anterior do joelho e que regressaram à prática desportiva correm o risco de ter uma segunda lesão.
9 Novembro 2018, 10h04

Um estudo afirma que 15% a 23% dos jovens atletas com menos de 25 anos que sofreram uma lesão do ligamento cruzado anterior do joelho e que regressaram à prática desportiva correm o risco de ter uma segunda lesão.

Em entrevista à Lusa, Rogério Pereira, fisioterapeuta desportivo e um dos autores do estudo, explicou hoje que apesar de os programas nacionais para a promoção da atividade desportiva terem “feito uma pressão positiva”, sobretudo, junto dos pré-adolescentes e adolescentes, isso tem vindo a representar “um aumento no número de lesões desportivas”.

“É bem possível que 15 a 23 em cada 100 jovens atletas que sofreram uma lesão do ligamento cruzado anterior, que é uma das lesões mais comuns do joelho, e que voltaram ao desporto, possam ter uma segunda lesão”, salientou.

O estudo, designado “MRI-Based Laxity Measurement”, e desenvolvido por uma equipa de especialistas portugueses em medicina desportiva, integra um dos capítulos do livro “Return to Play in Footbal”, lançado em abril.

Segundo Rogério Pereira, também professor na Escola Superior de Saúde da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, é necessário “transladar a evidência científica” e promover a prevenção de lesões musculares para a “realidade dos clubes e das associações desportivas”.

“A medicina desportiva passa pela prevenção de lesões e pelo desenvolvimento das capacidades atléticas. Na verdade, melhorar a qualidade do movimento ajuda a ser melhor desportista e, ao mesmo tempo, ajuda a prevenir. Portanto, é só mesmo falta de conhecimento, falta de cultura e falta de vontade política dentro dos clubes”, afirmou.

O fisioterapeuta mencionou também que as raparigas têm um risco “duas a oito vezes superior” do que os rapazes de sofrer lesões musculares nos joelhos, que representam um terço de todas as lesões desportivas.

“As pré-adolescentes e adolescentes têm um comportamento diferente dos rapazes, no sentido em que não são capazes de assegurar um padrão de movimento seguro e correto, ao não terem capacidade muscular suficiente para reposicionar o corpo. E daí surgem as lesões, porque colocam o joelho numa situação de risco que leva à lesão dos ligamentos”, contou.

Para o professor universitário, “a boa notícia” é que a “intervenção de um fisioterapeuta com prescrição de exercício” pode mudar essa realidade.

“Um programa de prevenção eficaz consistiria, tal como o programa da FIFA – Eleven Plus, em cerca de 12 exercícios de fortalecimento, aprendizagem motora e de pleumetria [exercícios de contacto muito breve com o solo]. Estes programas, se forem realizados duas vezes por semana, em cerca de 20 minutos, conseguem relacionar o controlo motor, a força, a mobilidade e ainda por cima, substituir o aquecimento normal”, sublinhou.

Rogério Pereira acrescentou ainda que é fundamental “os pais indagarem as entidades onde confiam os filhos para as práticas desportivas se tem medidas preventivas”, assim como “as federações das modalidades darem indicações às associações distritais e fazer-se uma formação a nível nacional”.

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