É cada vez mais frequente acontecerem coisas surpreendentes, mas há umas mais surpreendentes que as outras. É como os papers do matemático Paul Erdos: ele tem o número de Erdos 0; os que escreveram papers com ele têm o número de Erdos 1; os que escreveram papers com os que escreveram papers com ele têm o número de Erdos 2, e assim sucessivamente.

Devíamos ter então os acontecimentos surpreendentes 1, os muitíssimo surpreendentes; os surpreendentes 2, que são muito surpreendentes; os 3, que são algo surpreendentes; e por aí diante; os acontecimentos surpreendentes 0 são os do Presidente Trump, que na verdade não são surpreendentes só porque dele pode vir qualquer coisa.

Comecemos então pelo acontecimento surpreendente 1: um carro de transporte de valores tinha uma porta mal fechada e espalhou 300 mil dólares numa autoestrada de New Jersey. Houve alguns choques e acidentes quando as pessoas saíram dos carros para recolher o dinheiro, que esvoaçava alegremente. O facto deste episódio ter acontecido no passado dia 14 de dezembro, praticamente em vésperas de Natal, é capaz de não ter tido nada que ver com isto, mas é caso para dizer que não lembra ao diabo.

E igualmente surpreendente é a polícia ter pedido às pessoas que recolheram o dinheiro (faltava um pouco mais de 293 mil dólares) que o devolvessem, com a promessa que não seriam apresentadas queixas contra quem o fizesse. Os relatórios dizem que uma pessoa tentou ajudar o motorista do camião a recuperar o dinheiro, mas não é conhecido o montante total que foi recuperado, oh!, oh!, oh!

Outro acontecimento a destacar, mas que só foi dado a conhecer em 2017: a CIA rescindiu diversos contratos por estar a ser roubada. Com efeito, durante mais de seis meses – do outono de 2012 a março de 2013 – as suas máquinas de venda automática de snacks foram usadas por várias pessoas sem que os mesmos fossem pagos. Bastava usar um cartão de pagamento da Freedom Pay e cortar a comunicação da máquina com o exterior para o cliente ser servido sem pagar. O interessante é que foram precisos vários meses para a agência se dar conta da coisa, que chegou a mais de três mil dólares de “rombo” nas suas finanças.

Então os homens que andam de olho no mundo inteiro não são capazes de tomar conta da sua casa? E tiveram que instalar câmaras de vigilância pois, pasme-se, não as tinham instalado no edifício. É caso para dizer que em casa de ferreiro, espeto de pau.

Agora engraçado, engraçado, era imaginar que isto acontecia no nosso Parlamento. O que seria se alguém começasse a atirar notas das galerias para o hemiciclo, ou que alguém começava a roubar as máquinas de venda automática. Alguém notava? Ia haver alguma perturbação? Só há uma resposta: depende de quantos deputados por lá andassem.