Escadaria para o céu em Wall Street?

Imune ao pessimismo que podia derivar de algumas notícias do dia o S&P500 registou na segunda-feira mais um novo máximo histórico, um feito que já vai quase na meia centena de vezes este ano e que ontem empurrou o principal índice acionista para o dobro do nível atingido nos mínimos de março de 2020, no crash do choque causado pela explosão da propagação da pandemia de Covid no mundo ocidental.

O caos em que se tornou o Afeganistão nos últimos dias colocou os investidores de alerta no início da sessão, ao que se juntaram os dados económicos muito pouco animadores que saíram da segunda maior economia do mundo, com a China a sentir os efeitos do ressurgimento da pandemia de Covid, que impactou as vendas a retalho, produção industrial e investimento fixo.

E se o tema do Afeganistão não deverá ter um impacto significativo no comportamento dos mercados nas próximas semanas, já o arrefecimento da economia chinesa pode condicionar algum do otimismo que continua a reinar nos índices norte-americanos, especialmente se existirem mais elementos que corroborem a necessidade de cautela, como as vendas a retalho que vão sair esta terça-feira nos EUA.

A isto somam-se as minutas relativas à última reunião da Reserva Federal, que serão conhecidas na quarta-feira, sendo que as vozes internas a favor de uma alteração da política monetária continuam a aumentar esse ruído no sentimento, após o presidente do Boston Federal Reserve Bank, Eric Rosengren, ter afirmado que mais um mês de um número de non-farm payrolls robusto e estarão preenchidos os requisitos para se começar a reduzir o montante de compras de ativos.

Mas o certo é que depois o vermelho inicial, o dia em Wall Street foi de recuperação constante, quase como uma escada subida degrau a degrau rumo a um território inexplorado, com exceção do Nasdaq e do Russell 2000 que não conseguiram sacudir a pressão vendedora o suficiente para terminarem a sessão com ganhos, o índice tecnológico por falta de fulgor na ponta final enquanto que as small caps começaram a fraquejar ainda antes da hora de almoço, acabando quase ao mesmo nível com que tinha iniciado o dia.

No mercado cambial o dia foi de alguma acalmia, no entanto há que destacar a procura por ativos refúgio com o Yen a valorizar 0,3% para os 109.25, o mesmo ocorreu nas matérias-primas onde o ouro amealhou 0,6% para valer 1,788 dólares por onça.

O gráfico de hoje é do Russell 2000, o time-frame é semanal.

É evidente a divergência nas últimas semanas entre o índice das small caps e os três principais de Wall Street, um indício de fraqueza no bull market.