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Escritura de 1383 do Castelo de Lisboa vai estar na base de dados da Torre do Tombo

O pergaminho da escritura de entrega do Castelo de S. Jorge, em Lisboa, ao conde de Barcelos, datado de 1383, vai estar disponível na próxima semana na base de dados do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT).
28 Fevereiro 2019, 16h00

O documento, sobre o qual o Estado exerceu o direito de opção no momento da compra, vai ainda ser integrado no fundo documental a que inicialmente pertencia – Casa de Abrantes – e, a 23 de abril, vai fazer parte de uma exposição dedicada a Lisboa na Idade Média, adiantou hoje o diretor-geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, responsável máximo pelo ANTT, Silvestre Lacerda, no Porto.

O responsável explicou que o pergaminho pertencia há muitos anos a um particular, que o adquiriu a um alfarrabista, e que em 2018 o colocou à venda na internet, tendo sido comprado pelo Arquivo Nacional por 750 euros, preço que estava a ser pedido.

O gabinete de monitorização do Arquivo Nacional, que vai analisando o que se passa nos leilões, nas plataformas eletrónicas e nos alfarrabistas, identificou o documento e a sua origem e pronunciou-se favoravelmente à sua aquisição, adiantou.

Silvestre Lacerda revelou que, depois de contactar o dono do pergaminho, e lograda que foi a tentativa de compra, contactaram a Polícia Judiciária (PJ) para o seu eventual descaminho da legítima tutela do Estado.

“O nosso trabalho foi localizar a pessoa que estava a vender o documento porque na internet não estava identificado, localizá-lo e abordá-lo no sentido de lhe explicar a importância que o documento tinha para o Estado Português, tendo sido fácil chegar a um acordo”, referiu o diretor da PJ do Porto, Norberto Martins.

Frisando não haver a prática de qualquer ilicitude, Norberto Martins salientou que foram realizados testes no laboratório da polícia científica com técnicas avançadas em colaboração com o ANTT para se certificar a sua autenticidade.

Esse trabalho, que durou cerca de três semanas, permitiu constatar que o documento era autêntico pelo facto de terem encontrado sinais de que esse pergaminho estava envelhecido com o tempo, o uso de tintas ferrogálicas e a disposição dos textos, adiantou a perita forense Ana Assis.

Falando num “processo complexo”, a perita contou que estudaram e compararam o documento com outros da mesma época na Torre do Tombo.

“Foi uma perícia boa de ser feita, porque utilizámos várias técnicas e todas elas deram resultados muito conclusivos”, frisou.

O documento data de 26 de janeiro de 1383 e trata-se da escritura de entrega do Castelo de S. Jorge, em Lisboa, ao conde de Barcelos, João Afonso Telo, pelo seu alcaide, Martim Afonso Valente.

Uma das testemunhas da escritura foi o alcaide do Castelo de Faria, em Gilmonde, nos arredores de Barcelos, Diogo Gonçalves, e o tabelião foi Peres Esteves.

O ANTT, sob a alçada da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, tem à sua guarda um universo diversificado de património arquivístico, incluindo documentos originais desde o séc. IX até à atualidade, nos mais variados tipos de suporte, como o pergaminho, papel ou fotografia, entre outros.

A missão do ANTT, na Cidade Universitária, em Lisboa, é a salvaguarda, valorização e divulgação do património documental à sua guarda.

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