A abordagem de Portugal ao ESG para a Sustentabilidade e Excelência Corporativa

Nos últimos anos, os critérios Ambientais, Sociais e de Governação (ESG) tornaram-se essenciais para avaliar a sustentabilidade e o impacto ético das operações nas empresas. Este quadro vai além dos tradicionais indicadores financeiros, abrangendo uma ampla gama de fatores que influenciam o desempenho a longo prazo e o impacto social.

À medida que desafios globais como as alterações climáticas, a desigualdade social e os escândalos de governação corporativa ganham destaque, a integração dos critérios ESG tornou-se crucial para as empresas que procuram manter a sua licença social para operar e alcançar um crescimento sustentável.

Os critérios ESG estruturam-se em torno de três áreas principais. Os critérios ambientais avaliam a gestão dos recursos naturais por parte de uma empresa, incluindo o uso de energia, a gestão de resíduos, o controlo da poluição, a conservação dos recursos e o bem-estar animal. Isto envolve a avaliação de riscos relacionados com a mudança climática, as emissões de carbono, a biodiversidade e a gestão da água.

Os critérios sociais concentram-se em como as empresas gerem as suas relações com os empregados, fornecedores, clientes e comunidades. Os aspetos chave incluem as condições de trabalho, a saúde e segurança, a diversidade, o envolvimento comunitário, a segurança dos produtos e os direitos humanos. E, por último, os critérios de governação abordam a liderança corporativa, a compensação executiva, as auditorias, os controlos internos e os direitos dos acionistas, garantindo transparência e gestão ética.

A Europa tem desempenhado um papel de liderança na integração dos princípios ESG na governação corporativa e nas práticas de investimento. Marcos notáveis incluem o Plano de Ação da UE para as Finanças Sustentáveis (2018), que visa direcionar o capital para investimentos sustentáveis e melhorar a transparência; o Regulamento da Taxonomia da UE (2020), que fornece um sistema de classificação para atividades ambientalmente sustentáveis, auxiliando investidores e formuladores de políticas na identificação e apoio a iniciativas verdes; o Pacto Ecológico Europeu (2019), que delineia uma estratégia abrangente para alcançar a neutralidade climática até 2050, englobando ações para reduzir as emissões e preservar o meio ambiente; a Diretiva de Relato Não Financeiro (NFRD, 2014) e a sua sucessora, a Diretiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa (CSRD), exigem que as empresas divulguem os seus impactos sociais e ambientais, enquanto que o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR, 2021) requer que as entidades financeiras divulguem informações relacionadas com a sustentabilidade para garantir transparência para os investidores.

Em Portugal, o compromisso com o ESG é evidente através de políticas nacionais e iniciativas estratégicas. O país definiu metas ambiciosas para a neutralidade carbónica até 2050, conforme detalhado no seu Plano Nacional de Energia e Clima (NECP).

O quadro PT2030 exemplifica o foco de Portugal no ESG, proporcionando oportunidades de financiamento para promover práticas empresariais sustentáveis e inovação. O aviso “SICE – Qualificação das PME” é particularmente significativo, apoiando pequenas e médias empresas (PME) na adoção de princípios ESG através de investimentos em inovação organizacional, transformação digital e eco-inovação.

Adicionalmente, a recente Diretiva de Devida Diligência em Sustentabilidade Corporativa (Corporate Sustainability Due Diligence Directive – CS3D), com efeito a partir de 5 de julho de 2024, reforça ainda mais os princípios ESG ao promover práticas empresariais sustentáveis e abordar impactos adversos nos direitos humanos e no meio ambiente. Esta diretiva descreve um processo de devida diligência que enfatiza a avaliação de riscos, a prevenção de danos e a transparência em operações globais e cadeias de abastecimento.

Assim, a integração dos critérios ESG não é apenas uma opção, mas uma necessidade para as empresas que pretendem prosperar no ambiente de negócios atual. O quadro PT2030 oferece um caminho claro para a conformidade e inovação, enquanto diretivas como a CS3D sublinham a importância da devida diligência e responsabilidade.

Estamos dedicados a ajudar as empresas a navegar por estes requisitos, garantindo que cumpram os padrões regulamentares e contribuam positivamente para a sociedade e o meio ambiente. Adotar o ESG é uma imperativa estratégica que desbloqueará novas oportunidades, melhorará a reputação corporativa e assegurará o sucesso a longo prazo.