A petição online holandesa contra o aeroporto do Montijo já reuniu 27 mil assinaturas. O abaixo-assinado, noticiado pela “TSF“, resulta de uma parceria entre a associação para a defesa das aves da Holanda e da organização não-governamental Bird Life Europe, pretende defender as aves da espécie maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), que são um símbolo nacional holandês.
No texto que acompanha a petição, a associação para a defesa das aves da Holanda realçou que “os maçaricos estão terrivelmente ameaçados” por causa da construção do aeroporto do Montijo. “Qual é o sentido de proteger os maçaricos na Holanda – a nossa ave nacional – se essas aves migratórias enfraquecerem, ou até morrerem, em Portugal? Afinal, essa é a terrível consequência da construção de um aeroporto numa área de importância vital” para os pássaros.
Em declarações àquela estação de rádio, o porta-voz da associação, Thijs den Otter, explicou que “o estuário do Tejo é essencial para esta ave migrar de África para a Holanda”. Depois de passar o Inverno perto da Serra Leoa e Guiné, na África Ocidental, o maçarico-de-bico-direito passa pelos campos de arroz perto de Lisboa para recuperar durante a migração à Holanda, o destino final, e por onde passam 85% das aves desta espécie.
A associação holandesa explicou ainda que investigações levadas a cabo pela Universidade de Groningen, na Holanda, e pelo Centro Português de Estudos Ambientais e Marinhos concluíram que os maçaricos “comem resíduos nas plantações de arroz [de Portugal] antes de viajarem para o nosso país [a Holanda] para procriar”.
A associação defendeu que “o governo [português] quer continuar a construção do aeroporto porque é uma solução barata perto de Lisboa”. A Executivo e a concessionário ANA – Aeroportos de Portugal assinam um acordo em 2019 para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento previsto de 1,15 mil milhões de euros até 2028.
A associação holandesa frisou, no entanto, que os “efeitos sobre a natureza e o meio ambiente não foram suficientemente investigados e as medidas que o governo deseja adotar para limitar os danos são, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), especulativas”.
Além disso, a associação holandesa disse não entender como é que o Governo português pretende construir um novo aeroporto situado numa zona que integra a Rede Natura 2000, que protege determinadas áreas para conservar espécies raras, selvagens, ameaçadas ou vulneráveis na União Europeia, assim como os respectivos habitats naturais. “Eles [os pássaros] são afastados e perturbados pelo barulho de aeronaves ascendentes e descendentes e também há a hipótese real de colisões entre grandes grupos de maçaricos e aeronaves”, alertou a associação holandesa. “Esse aeroporto não é permitido”, salientou a associação.
Esta terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, assinou um artigo de opinião no “Público”, no qual defendeu que “os pássaros não são estúpidos e é provável que se adaptem”, adiantando que estes devem encontrar outras rotas migratórias como alternativa ao estuário do Tejo.
Em janeiro deste ano, o projeto para o novo aeroporto do Montijo recebeu luz-verde da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Em sede de Declaração de Impacte Ambiental, a instituição deu parecer favorável condicionado à infraestrutura aeroportuária, e elencou 160 medidas de minimização e compensação que serão da responsabilidade da ANA, que deverão custar 48 milhões de euros. Estas medidas eram relacionadas com o ruído, mobilidade, alterações climáticas e a avifauna e destinam-se a minimizar e compensar os impactes ambientais negativos do projeto do aeroporto.
https://jornaleconomico.pt/noticias/passaros-do-montijo-nao-sao-estupidos-e-podem-adaptar-se-ao-novo-aeroporto-defende-secretario-de-estado-549024
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