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Estado de Nova Iorque vai processar associação que promove as armas pessoais

A poderosa NRA, National Rifle Association, vai ser processada por corrupção e desvio de fundos para interesses pessoais. Donald Trump já veio defender a organização, que teve em Barack Obama um dos seus maiores inimigos.
  • REUTERS/Charles Platiau
6 Agosto 2020, 20h13

O procurador-geral do Estado de Nova Iorque abriu um processo para dissolver a National Rifle Association (NRA), a poderosa associação que tem feito de tudo contra qualquer vontade política de impedir, ou ao menos diminuir, a possibilidade de os norte-americanos comprarem armas pessoais. A decisão do tribunal está sustentada pela alegação de que os líderes mais antigos da organização (sem fins lucrativos) desviaram milhões de dólares para uso pessoal e para comprar o silêncio e a lealdade de ex-funcionários governamentais.

A ação movida em um tribunal de Manhattan e pela procuradora-geral Letitia James alega que os líderes da NRA pagaram a si próprios viagens às Bahamas, aviões particulares e refeições caras que contribuíram para uma redução de 64 milhões de dólares no balanço da NRA em apenas três anos, transformando um saldo positivo em prejuízos.

O NRA respondeu processando a própria Letitia James num tribunal federal, dizendo que a procuradora tinha violado o direito da NRA à liberdade de expressão e tentando bloquear a sua investigação. A procuradora alegou numa declaração citada pela agência Reuters que os líderes da NRA “usaram milhões e milhões das reservas da NRA para uso pessoal”, deixando de cumprir as próprias políticas internas da NRA, além das leis estaduais e federais.

Ao anunciar o processo, Letitiua James disse que a NRA “funcionou como um terreno fértil para a ganância, o abuso e a ilegalidade descarada”, e acrescentou que “ninguém está acima da lei”. O processo é contra a NRA e quatro dos seus líderes mais destacados, incluindo Wayne LaPierre, o vice-presidente executivo que está no comando da organização há quase três décadas.

O processo coloca Letitia James, uma democrata, contra a maior e mais poderosa organização do setor das armas dos Estados Unidos, que está estreitamente alinhada com o Partido Republicano do presidente Donald Trump. A NRA é reverenciado pelos conservadores como um campeão do direito constitucional nos Estados Unidos e vilipendiado pelos liberais como um facilitador da violência armada galopante e pelos massacres com armas de fogo que ocorrem com arrepiante regularidade no país. O antigo presidente Barack Obama foi um dos mais notáveis opositores da NRA – mas a verdade é que ao longo de dois mandatos revelou-se incapaz de impor a proibição da venda de armas, como era sua intenção.

Trump apressou-se a classificar o processo contra a NRA como “uma coisa terrível”, sugerindo que a organização deveria registar-se no Estado do Texas, muito mais favorável à posse de armas.

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