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Estados Unidos e Rússia querem colocar gás russo como condição para acordo de paz com Ucrânia

Esta será uma tentativa por parte da Rússia e dos Estados Unidos em reavivar as vendas de gás russo depois dos cortes das importações feitas pela União Europeia, em 2022, que, de acordo com a agência noticiosa Reuters, levou a que a empresa russa Gazprom reportasse perdas de sete biliões de dólares (na denominação norte-americana) em 2023. A Rússia fornece 19% das necessidades de gás europeias, muito abaixo dos 40% de há três anos.
8 Maio 2025, 16h23

Entidades oficiais dos Estados Unidos e Rússia estarão a discutir a possibilidade de uma retoma das vendas de gás russo à Europa como parte do acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, avança esta quinta-feira a agência noticiosa Reuters. O lado russo contudo nega que esses encontros estejam a acontecer.

“Correntemente não existem esse tipo de discussões”, salientou Kirill Dmitriev, o representante russo da área do investimento, citado pela Reuters. Do lado norte-americano as discussões estarão a ser lideradas por Steve Witkoff.

Está será uma tentativa por parte da Rússia e dos Estados Unidos em reavivar as vendas de gás russo depois dos cortes das importações feitas pela União Europeia, em 2022, que de acordo com a agência noticiosa levou a que a empresa russa Gazprom reportasse perdas de sete biliões de dólares (na denominação norte-americana) em 2023.

A agência noticiosa lembra que a Rússia fornece 19% das necessidades de gás europeias, muito abaixo dos 40% de há três anos. De acordo com a Reuters, o envolvimento norte-americano de modo a restaurar as vendas de gás podem beneficiar a Rússia na tentativa de restabelecer novos acordos com a União Europeia nesta área.
A Reuters sublinha que, desde 2022, a Europa tem procurado outros fornecedores de gás, que não sejam russos, como por exemplo os Estados Unidos, ao nível do gás natural liquefeito (GNL).
No que diz respeito à compra de gás russo, países como a Hungria e a Eslováquia ainda são clientes, recebendo o gás através do gasoduto Trukstream. Já a Bélgica, França, Países Baixos, e Espanha, obtêm o seu GNL através dos contratos que possuem com a russa Novatek.
Mas como é que os norte-americanos entram neste plano de restabelecimento das vendas de gás russo à Europa? Pelos vistos existirão várias hipóteses em cima da mesa. Uma delas, refere a Reuters, inclui os Estados Unidos, através de investidores norte-americanos, comprarem uma participação no gasoduto Nord Stream, que liga a Rússia à Alemanha, ou então no gasoduto que atravessa a Ucrânia, ou então na Gazprom.
Outra ideia poderá passar por as empresas norte-americanas comprarem gás fornecido pela Gazprom para depois o transportarem para a Europa, Alemanha incluída. Outro cenário passa pela existência de um comprador norte-americano que receba gás russo e o exporte para a Europa, com o objetivo de aliviar a pressão política da oposição europeia a que se retome o fornecimento de gás russo à Europa.
A Reuters refere que a BlackRock, a Vanguard e a Capital Group possuem participações entre 1% e 2% da Gazprom. Contudo todas estas organizações não responderam às perguntas colocadas pela agência noticiosa, uma posição semelhante à da Comissão Europeia.
A agência noticiosa diz que, estas discussões que estarão a existir entre Estados Unidos e Rússia sobre gás, surgem num contexto em que a Comissão Europeia pretende banir negócios de gás russo até final de 2025, e banir importações de gás, mesmo com acordos que estejam já em vigor, até final de 2027.
Esta ideia deve ser discutida pelas instâncias europeias em junho, explica a agência noticiosa, mas, para avançar, precisa de aprovação do Parlamento Europeu e de uma maioria dos Estados-membros. A Hungria e Eslováquia, países que possuem acordos para fornecimento de gás russo, devem votar contra este plano europeu.
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