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“Este pacote devia atacar as razões porque os promotores não estão a entrar no mercado”, refere CEO da Castelhana

Patrícia Climaco considera que existe uma oportunidade para fazer mais habitação, mas defende que é necessário entre outras medidas descer o IVA de 23% na construção nova.
Primeiro painel da conferência “Mais Habitação – proteção, regulação ou travão?”, promovida pelo JE e pelo NOVO. Fotografia de Cristina Bernardo
7 Março 2023, 10h21

“Este pacote devia atacar as razões porque os promotores não estão a entrar no mercado. Este pacote não veio estudar e não estudou porque se faz pouca habitação, seja própria, segmento alto ou baixo”. É desta forma que Patrícia Climaco, Partner e CEO da Castelhana, aborda o as medidas do programa ‘Mais Habitação’ do Governo.

A responsável participou no painel ‘Mais Habitação: Constitucional ou não?’, moderado pelo subdiretor do Jornal Económico, Nuno Vinha, na conferência promovida pelo Jornal Económico e pelo NOVO Semanário, que decorre esta terça-feira, 7 de março, na CMS.

“Há tanta oportunidade de fazer habitação e basta olhar para oferta. Os preços estão a crescer 19%. Este pacote devia atacar as razões porque os promotores não estão a entrar no mercado”, salientou Patrícia Climaco, alertando para a dimensão das casas face às famílias que nelas habitam.

“Os Censos, quando olhamos para os alojamentos dizem que 58% das famílias só tem duas pessoas. Duas pessoas precisam de 130m2? Não há uma atualização neste loteamento dos promotores. As famílias de duas pessoas não podem pagar casas de 125m2”, sublinhou.

Para a CEO da Castelhana é preciso pensar mais o mercado de habitação. “Há muito pouco pensamento. Há muita ideologia. Fez-se um bom trabalho na reabilitação urbana. Os centros das cidades hoje em dia têm mais pessoas a viver, mais turistas e mais dinheiro. Era copiar esta politica para a habitação”, salientou.

O tema do fim dos Golden Visa foi também abordado pela responsável. “O ano passado foram investidos 134 milhões em Golden Visa. O Governo está sempre a ser atacado pelo BE nos Golden Visa que já nem se consegue ser criativo”, realçou.

Já sobre a questão do Alojamento Local, Patrícia Climaco, afirmou sentir-se “perdida”. Não sei se o Algarve é todo rural. A proposta da Câmara Municipal de Lisboa era manter o AL e reduzir as taxas de contensão para 5%. O Governo não fala com os municípios. As cidades e o turismo não podem ser suspensos. A CML diz que 71% da capacidade de camas é de AL. O Alojamento Local tem um peso muito grande na economia e no turismo”, enfatizou.

O pacote Mais Habitação está em debate numa conferência promovida pelo Jornal Económico e pelo NOVO Semanário, com o apoio da sociedade de advogados CMS e da agência imobiliária Fine & Country. Entre outros temas, estão em análise os aspetos jurídicos e fiscais da legislação que está em consulta pública e deverá ser aprovada em conselho de ministros no próximo dia 16 de março, bem como o impacto destas medidas no mercado imobiliário e na economia portuguesa. Entre as medidas que estão previstas destacam-se o arrendamento compulsivo de imóveis, várias alterações fiscais que visam promover o arrendamento e dinamizar o mercado habitacional, a proibição de novas licenças de Alojamento Local e a fixação de limites às rendas.

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