Vivemos tempos incertos e turbulentos onde as empresas são obrigadas a criar, não só, opções para sobreviver ao imediato, mas também estratégias de crescimento e diferenciação para um futuro incerto.

O mundo tem-se vindo a transformar a uma velocidade exponencial e recentemente foi impactado por uma pandemia que criou uma crise sem precedentes em todas as indústrias e geografias ao mesmo tempo.

Aquilo que era um problema localizado na China no início de fevereiro, estava espalhado pelo mundo inteiro no final do mês e em março o mundo entrava em lockdown levando a que, nessa altura, 1/3 da população mundial estivesse em casa.

O futuro que já era incerto tornou-se completamente obscuro o que leva à dificuldade de criar estratégias de médio ou longo prazo. Os planos que tinham sido feitos para um horizonte de cinco anos de nada servirão pois não resistem a uma realidade de hoje nem a um futuro desconhecido que temos pela frente.

Um estudo realizado pela EY Parthenon demonstra que 76% das empresas vão ter de rever as suas estratégias de médio e de longo prazo e 12% considera que terão que olhar para novos sectores para ter sucesso.

As crises anteriores ensinaram-nos que 9% das empresas voltam mais fortes da crise do que eram antes. Estas empresas são aquelas que se caracterizam por, durante a crise, reduzir custos ao mesmo tempo que investem mais em R&D, marketing ou ativos. (1)

No entanto, esta realidade trazida para Portugal e para as empresas Portuguesas, maioritariamente Micro e PME, carregar no acelerador e no travão ao mesmo tempo é algo difícil quando o carro ameaça ficar sem gasolina a qualquer momento pois o grande desafio é sobreviver ao dia de hoje.

Muito se fala da necessidade de regressar ao novo normal. Mas o novo normal não existe, já não existia antes e não voltará a existir. As empresas esperam o regresso a uma normalidade que lhes traga de volta os clientes e o negócio como ele era, mas nada será como antes.

As estruturas das indústrias modificaram-se durante estes meses e nada voltará a ser como antes, o mesmo se passa com as empresas, com o consumidor final e com todos outros stakeholders relevantes como os órgãos reguladores, os colaboradores, etc.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, comentava recentemente que vimos dois anos de transformação digital em apenas dois meses e isso traduz-se na transformação de todo o ecossistema competitivo.

Os clientes foram forçados a comprar online, alguns deles pela primeira vez, e isso irá mudar o seu comportamento e as empresas tiveram de reinventar as suas cadeias produtivas.

A digitalização é um imperativo para as organizações e isto não passa por digitalizar o modelo de negócio atualmente existente, mas sim desenhar uma estratégia para um mundo digital, que obrigará as organizações a reinventarem-se completamente e isso não se traduz apenas por adotar mais tecnologia, mas sim por transformar culturas e competências, onde a inovação terá que passar a fazer parte do DNA das empresas.

Nesse mesmo estudo da EY 67% dos entrevistados considera que a maior ameaça virá de alguma empresa que está fora do seu setor de atividade. Ou seja, como nos poderemos preparar para um futuro incerto? Acreditamos que i) a criação de uma visão de longo prazo que incorpore o entendimento de potenciais cenários futuros e ii) a criação de uma competência de inovação serão a resposta para dotar as organizações de uma resiliência que hoje é fundamental para sobreviver e amanhã será critica para garantir a sustentabilidade das empresas e dos negócios.

Dito isto, repensar o presente e reinventar um novo futuro é um exercício que a alta liderança das organizações deverá desenvolver envolvendo os responsáveis de diferentes áreas como Financeira, Recursos Humanos, Tecnologia, Marketing entre outras para encontrar novas respostas para os novos desafios que enfrentamos.

 

 

Fontes
1. “Roaring Out of Recession”, Harvard Business Review, Ranjay Gulati, Nitin Nohria and Franz Wohlgezogen
2. EY Strategy Realized Surve