A Plataforma Transgénicos Fora deixou um apelo ao Governo para que proíba a venda de herbicidas à base de glifosato, que apoie os agricultores e que torne obrigatória uma análise à agua para consumo.
O apelo da plataforma surge na sequência dos resultados de um estudo lançado em 2018 para testar a presença de glifosato em voluntários portugueses. As análises demonstraram uma exposição recorrente ao herbicida, em comparação com resultados de 2016 e apontam para uma contaminação generalizada por glifosato em Portugal.
O glifosato é o herbicida mais usado em Portugal e está classificado pela Organização Mundial de Saúde como carcinogéneo provável para o ser humano. Embora a Comissão Europeia tenha chegado a conclusões diferentes, as informações recentes mostram que avaliação científica resultou de graves conflitos de interesses.
Os resultados, quando comparados com outros países europeus, mostram valores acima da média: em 18 países, verificou-se que 50% das amostras estão contaminadas. Contudo, a nível nacional, nos testes levados a cabo em duas rondas, esse valor foi sempre superior e em Outubro de 2018 os valores de contaminação das amostras registaram valores de 100%, de acordo com o estudo empreendido.
O valor médio de contaminação das amostras foi de 0,35 ng/ml em Julho, sendo que o valor máximo rondou 1,39ng/ml. No mês de Outubro, a média foi de 0,31ng/ml e o valor mais alto de 1,20ng/ml, o que corresponde a cerca de 300% acima do valor legal na água para consumo.
A maior parte do glifosato ingerido ou inalado é excretado pela urina em menos de um dia, o que significa que os valores registados na segunda ronda de análises do estudo provieram de novos contactos com herbicidas. Ao detectar-se a contaminação ao longo do tempo, significa que houve exposição sucessiva do organismo.
Dados do mesmo estudo revelam também que os consumidores de agricultura biológica ou praticantes de alguns cuidados alimentares apresentavam níveis de contaminação inferiores aos dos voluntários que não mantinham nenhum tipo de cuidados com a alimentação e a proveniência dos produtos.
Em comunicado, a plataforma faz também um apelo ao Governo para que lance um estudo abrangente sobre a exposição dos portugueses ao glifosato e proíba a venda deste herbicida para usos não profissionais, visto que a actual informação recolhida não permite alcançar conclusões definitivas.
A plataforma quer análise obrigatórias para detectar glifosato na água de consumo e o fim do uso de herbicidas sintéticos na limpeza urbana.
Na nota, a entidade pede ainda ao Governo o apoio aos agricultores na transição para uma agricultura pós-glifosato nos próximos anos.
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