Três ideias centrais foram destacadas no inquérito “Ética Diversidade Geracional no trabalho: olhares de quatro gerações”:

  1. a convivência intergeracional é importante, designadamente para preservar a memória e cultura organizacional;
  2. a idade, enquanto fator de tratamento desigual, pode gerar ambientes tóxicos para os mais velhos e para os mais novos;
  3. o não reporte de situações de idadismo conduz à necessidade de espaços seguros de partilha de preocupações e inquietações, que só serão possíveis através da construção e preservação de um clima e ambiente éticos, assentes nos valores da Confiança, da Transparência e do Respeito.

Acreditamos que a reflexão sobre e com ética permitirá fazer emergir espaços de trabalho que contribuam para uma vida com mais sentido humano, integrando uma abordagem normativa e procedimental – pensar sobre ética – com uma outra forma de reflexão e deliberação ancorada na espessura das situações vividas por cada um – pensar com ética.

“Ética e Diversidade Geracional: (Des)Encontos?”, que complementa o inquérito, foi pensado “como um laboratório de experiência em pensamento, como espaço de leitura crítica (e não anestesiante) e como ferramenta para promover a reflexão ética nas organizações”.

Os textos poderão ser usados como “input para conversas com ética sobre termos e conceitos usados no contexto da diversidade geracional”, “inspiração para iniciativas que repliquem no contexto organizacional o convite aos seus colaboradores a escreverem sobre o tema, mapeando, assim, os desafios e as boas práticas já existentes” ou “ponto de partida para reflexão sobre os códigos de ética das organizações (p.23).

As narrativas que compõem este Livro Coletivo foram organizadas a partir de perspetivas societais, organizacionais e individuais.

No nível macro, encontramos considerações éticas sobre a forma como podemos otimizar a diversidade geracional, considerada como um bem público. Explora-se esta diversidade no contexto da longevidade e do envelhecimento saudável e somos interpelados com questões éticas sobre o envelhecimento que “podem ser interpretadas quase como uma provocação” (p.54). Para lermos e relermos, devagar.

Numa perspetiva meso, explora-se o idadismo no trabalho, demonstra-se a pertinência de uma Política de Diversidade, Equidade e Inclusão, sinalizam-se formas de transformar desafios em oportunidades e um emergente e incontornável desafio, mas também da sociedade em geral, os trabalhadores-cuidadores.

Apelidados de “fragmentos de uma sabedoria vivida e, por isso, espelhos que nos espiam a alma” (p. 160), na secção sobre perspetivas individuais, encontramos testemunhos diversos, inspirados na frase disparadora “a diversidade geracional na minha equipa/organização implica desafios e/ou oportunidades…”, que foram objeto de uma (re)leitura à luz da ética, mas também de uma leitura lenta que permitiu a construção de um mapa mental através da perspetiva da criatividade.

Após estas narrativas, há um convite “Ao leitor” para que registe por escrito as suas próprias reflexões, uma vez que o livro foi pensado como um tecido de narrativas aberto a outras vozes que possam em conjunto (re)pensar o que verdadeiramente importa no contexto do trabalho de cada um e de todos nós.

“Diversidade geracional indica, numa perspetiva muito restrita, diferentes montantes de tempo de vida – vida contada, vida quantificada. Para que a intergeracionalidade, a sabedoria e a paz aconteçam, há que incorporar tempo lento, tempo saboreado, para nos conhecermos, para estarmos juntos, para encontrar e criar – isto é, tempo para a Vida” (p. 153).