Em 2001 havia uma dúvida que assolava a campanha eleitoral à câmara municipal de Lisboa. Se o líder do CDS abandonava a corrida, podendo assim o eleitorado de centro-direita colocar as suas fichas apenas em Pedro Santana Lopes. No entanto, e reforçado pelo então à época célebre outdoor, Paulo Portas decretou: “eu fico”.
Na semana passada, o Público dava à estampa a notícia de que António Costa iria para o lugar de Charles Michel ou o de Josep Borrell, contudo, apenas três dias depois, o mesmo Público publicava o seu contrário com o primeiro-ministro a afirmar claramente que não iria ocupar qualquer cargo europeu porque a estabilidade é o seu mantra e, essa, deu muito trabalho a conquistar.
António Costa sabe que é o trunfo, mas também o seguro de vida do PS. Já foi cristalino ao garantir que não será no ciclo seguinte a sair do Governo candidato a Belém, porém, todos sabem do seu prestígio internacional e da vocação para estabelecer contactos, para lá da astúcia dos grandes animais políticos que têm prazer no poder que exercem. Ora, o seu futuro será europeu, só não sabemos quando. Porque a outra certeza que o líder do PS tem é que, se sair durante esta legislatura, Marcelo Rebelo de Sousa dissolve o parlamento na hora. Por isso, Costa teve de dizer: “eu fico”.