Foi Luís Marques Mendes que afirmou no seu espaço semanal de comentário que, em um mês, o Governo apresentou apenas duas medidas.
A inversão da estratégia da vitimização e da conversa da dita “coligação negativa” (PS-Chega) deu-se com o aumento do CSI, data em que identifiquei na CNN como o Governo a tomar a iniciativa e a voltar ao controlo da agenda política e mediática.
Ora, a melhor vacina contra a oposição é governar bem. O melhor antídoto contra o possível chumbo do Orçamento do Estado, em Outubro, que levasse a AD a um novo acto eleitoral em situação de perda e desconfiança, é tomar a iniciativa, passar ao ataque, tentar concretizar tudo o que foi prometido em campanha.
Assim, só alguém desnorteado não pode valorizar o anúncio do novo aeroporto.
Há mais de 60 anos que andamos a adiar uma obra que todos reconhecem ser indispensável. Se faltam afinar algumas coisas nessa opção?
Com certeza que sim, nomeadamente a interrogação que Mariana Mortágua colocou ao primeiro-ministro sobre o papel da Vinci e quanto isso poderá custar ao Estado português. Mas é um tiro no porta-aviões esta tomada de decisão.
Portanto, o que se assistiu na estreia no Parlamento do Governo nos debates quinzenais foi um espectáculo denominado “eu show Montenegro”, com o conhecimento das técnicas de comunicação, garantindo para breve o plano de emergência para a saúde e uma nova política para a imigração, enquanto com verdade afirmava que ainda não tinha datas para a privatização da TAP.
Falar verdade vale muito mais do que lançar o caos com as contas públicas, como desastradamente fez Miranda Sarmento, de imediato arrasado em Bruxelas numa fraca figura que só prova que o ministro das Finanças já podia ser remodelado, a bem do Governo.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.