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EUA apostam na reciclagem contra dependência da China

Na disputa pelo controlo dos metais de terras raras com a China, várias empresas norte-americanas estão a apostar na reciclagem de lixo eletrónico.
28 Julho 2025, 07h00

A necessidade por metais de terras raras está a crescer e é essencial para o fabrico de tudo, de aviões de combate a ferramentas elétricas. Os fabricantes norte-americanos compraram esses metais essenciais aos produtores estrangeiros — liderados pela China — mas as políticas comerciais instáveis e as tensões geopolíticas tornaram esse abastecimento mais complicado. Para tentar mitigar o problema, o governo dos Estados Unidos anunciou recentemente uma participação acionista na MP Materials, operadora da única mina de terras raras ativa no país, a Mountain Pass.

No entanto, uma nova geração de empresas de reciclagem vê o lixo eletrónico — como notebooks, telemóveis e televisões— como uma solução estratégica para extrair elementos críticos que estão em escassez no mundo. Empresas tradicionais inovadoras e startups dedicam-se à recolha e ao processamento do crescente volume de lixo eletrónico (e-lixo), composto por computadores, telemóveis, processadores, televisões, eletrodomésticos, equipamentos médicos e outros dispositivos descartados.

Os EUA geraram quase oito milhões de toneladas de e-lixo em 2022, mas apenas 15% a 20% foram recicladas adequadamente — um mercado altamente subaproveitado. A indústria de reciclagem de lixo eletrónico representou 28 mil milhões de dólares (23,9 mil milhões de euros), com expectativa de crescimento anual de 8%, segundo a consultora IBISWorld.

A oportunidade não se limitam às terras raras. Equipamentos eletrónicos que não podem ser totalmente reutilizados ou reaproveitados para peças podem ser reciclados para extrair ouro, prata, cobre, níquel, aço, alumínio, lítio, cobalto e outros metais essenciais para diferentes indústrias. “A reciclagem de lixo eletrónico nunca foi levada tão a sério como fonte de fornecimento”, disse Kunal Sinha, diretor global de reciclagem da Glencore, gigante suíça do setor de mineração e comercialização de metais, à CNBC. “Muitos ainda não perceberam o tamanho dessa oportunidade”, acrescenta o especialista.

Historicamente, os fabricantes dos EUA compram metais essenciais de produtores — essencialmente à China— que processam o minério bruto ou vendem através de tradings. “Existe uma enorme oportunidade para usar as tarifas como impulso à reciclagem no país, especialmente de produtos que não fabricamos aqui, mas compramos de fora”, disse John Mitchell, presidente da Global Electronics Association.

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