Começa esta segunda-feira em Chicago a convenção do Partido Democrata dos Estados Unidos – o que está a encaminhar para a cidade milhares de apoiantes democratas, entre eles alguns dos seus mais significativos membros, como o casal Obama ou Hilary Clinton. Numa altura em que Kamala Harris conseguiu reverter as sondagens em alguns dos Estados centrais para as eleições, este novo fôlego pretende consolidar o que parece ser o volte-face das eleições.
Segundo os jornais norte-americanos, a convenção vai preocupar-se, por um lado, em homenagear a figura de Joe Biden – voltando mais uma vez à narrativa de que a sua desistência é sinal de compromisso com os democratas e com a democracia, o que não é de todo verdade; e, por outro, em elevar Kamala Harris à condição de modelo contra as tentações autocratas do candidato republicano, Donald Trump.
O início da Convenção Nacional Democrata de quatro dias está a atrair dezenas de milhares de manifestantes, muitos deles contrários ao apoio do governo Biden à ofensiva de Israel em Gaza, que marcharão ao longo de um quilómetro e meio pela cidade, fora do perímetro de segurança da própria convenção. A sua presença pretende impor uma nova visão do apoio dos Estados Unidos a Israel – mas previsivelmente Harris deverá tentar escapar a evidenciar qualquer alteração radical da postura norte-americana sobre a matéria. De qualquer modo, o facto de Harris não ter escolhido para candidato à vice-presidência o governador da Pensilvânia, o judeu Josh Shapiro, dá indicações, segundo os analistas, de que Benjamin Netanyahu pode esperar mais reservas da futura administração democrata em relação à sua agenda.
Antes disso, de qualquer modo, o palco será de Joe Biden. O presidente – que tem tido dificuldades em manter a sua agenda nesta fase em que está de saída – fará um discurso no horário nobre da convenção na noite desta segunda-feira para defender a eleição de Harris e mais uma vez explicar as nobres razões para a sua desistência – que não existiam até há um mês e meio atrás e só se tornaram ponderosas depois da muita insistência da maioria do partido.
Previsivelmente, Harris juntar-se-á ao presidente no final do discurso, ensaiando aquilo que os democratas gostam de evidenciar: a união do partido em torno do de uma candidatura. Foi por isso, recorde-se, que Kamala Harris chegou a vice-presidente. A candidata democrata há quatro anos atrás foi uma das que aceitou desistir da candidatura para alinha atrás de Biden, assumindo o compromisso da ala esquerda dos democratas (liderada por Bernie Sanders) com Biden.
Kamala Harris aceitará formalmente a indicação na noite de quinta-feira com um discurso que, dizem os analistas, servirá para ‘empolgar as massas’ e não propriamente para avançar com novidades. Contará para isso com uma cobertura intensiva da parte da comunicação social – para assim poder promover a consolidação da sua posição face a Donald Trump. Harris tem boas razões para estar otimista: a sua campanha quebrou recordes de arrecadação de fundos, encheu palcos com apoiantes e reverteu as sondagens de opinião em alguns Estados decisivos a favor dos democratas. Melhor era impossível. De qualquer modo, e para já, as sondagens ainda dão vantagem a Trump, mas Harris diminuiu a diferença tanto ao nível nacional como em muitos dos Estados altamente competitivos, incluindo a Pensilvânia, que desempenhará um papel decisivo na eleição de 5 de novembro próximo.
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