A produção da EDP Renováveis (EDPR) nos EUA disparou 17% em 2024, alcançando mais de 18 mil GWh. Os EUA representaram 50% da eletricidade produzida pela EDPR no ano passado, totalizando 36 mil GWh.
Em termos de capacidade instalada, a EDPR conta com 44% da sua potência instalada nos EUA (8,4 gigawatts de 19,3 gigawatts no total), sendo a maioria eólica onshore (mais de 5,9 gigawatts) e solar (2,5 gigawatts).
Os números divulgados na quarta-feira revelam bem a importância deste mercado para o grupo EDP, e o seu presidente voltou hoje a mostrar-se confiante sobre o setor das energias renováveis nos EUA após a chegada de Donald Trump à Casa Branca.
“A maioria dos projetos eólicos que temos nos EUA já está operacional e esperamos que não haja problemas”, disse hoje Miguel Stilwell d’Andrade à “Reuters”.
No atual plano estratégico, 40% dos investimentos até 2026 vão ocorrer nos EUA. O plano total vale 9 mil milhões de dólares, com foco em mais dois gigawatts de renováveis.
O gestor prometeu um novo plano estratégico “nos próximos meses”, com novos números até 2030.
“Estamos a falar provavelmente de 2-3 mil milhões de dólares nos próximos dois anos até 2026. Vamos avançar porque estão em áreas que não estão afetadas pelas ordens executivas” do presidente dos EUA, acrescentou. A maioria dos novos investimentos está focada na energia solar fotovoltaica e armazenamento em baterias.
A EDP Renováveis é a quarta maior produtora mundial de energia eólica.
A companhia também investe na energia eólica offshore através da Ocean Winds, em parceria com os franceses da Engie. Nos EUA, tem um projeto na costa leste, SouthCoast Wind, a sul da ilha de Nantucket, no estado de Massachusetts, que está na fase final de desenvolvimento, com uma capacidade de 2,4 gigawatts, que deverá arrancar em 2030.
“Precisamos de ter muito cuidado ao calcular o preço do risco para certificarmo-nos de que não corremos o risco de tarifas, ou o risco de termos de importar muitos materiais e componentes de fora dos EUA, mas estamos muito confortáveis”, afirmou.
Produção da EDP sobe com mais água e sol e menos gás, vento e carvão
O grupo EDP produziu mais 2% de eletricidade em 2024 face a período homólogo para mais de 57 mil GWh. No caso da EDP Renováveis, a produção subiu 6% para mais de 36 mil GWh.
A maioria da eletricidade produzida pela EDP em 2024 foi eólica (54%), seguida da hídrica (32%), solar (11%), solar descentralizada (4%): 95% de renováveis no peso total.
No grupo EDP, a produção de energia eólica recuou 2% para mais de 31 mil GWh, com subida de 8% na América do Norte e recuo de 5% na Europa e de 34% na América do Sul.
No solar, a produção disparou 112% para 4,5 mil GWh, com uma subida de 190% na América do Norte e de mais de 230% na Europa, e de mais de 30% na América do Sul e APAC.
Na hídrica, subiu 24% para 17,5 mil GWh, com a produção na Ibéria a subir 20% e no Brasil 34%.
No gás na Península Ibérica, a produção caiu 37% para 2,5 mil GWh.
No carvão na Ibéria, a produção caiu 92% para 264 GWh.
No solar descentralizado, a produção subiu mais de 40% para quase 1,5 mil GWh, com subidas na América do Norte de 9%, na Europa de 56%, na América do Sul de 136%, em APAC de 35%.
Trump? EDP investiu 20 mil milhões e Stilwell diz que EUA precisam de renováveis
A EDP já investiu 20 mil milhões de dólares desde a sua entrada nos EUA em 2007. As contas foram feitas pelo CEO da companhia após um primeiro dia agitado nos mercados com as primeiras medidas de Donald Trump no seu regresso à Casa Branca.
“Temos investido nos EUA desde 2007, temos 20 mil milhões de dólares investidos durante várias administrações, incluindo a primeira de Donald Trump”, começou por dizer o gestor na terça-feira, numa entrevista à “CNBC” durante o Fórum Económico Mundial.
“É um grande mercado, precisam de toda a energia disponível, seja gás, sejam renováveis. Estas serão as fontes primárias de energia para alimentar os data centers. Os EUA querem liderar na inteligência artificial (IA) e estamos aqui para ajudar a fornecer energia nestes centros de dados”, afirmou em Davos, Suíça.
Na entrevista, disse estar “otimista” para 2025, destacando a “forte presença nos EUA, Europa e Brasil.”
“Vemos forte procura por energia; isto é conduzido pelo boom de IA em várias regiões. É uma tremenda oportunidade. Há riscos e mudanças de política, mas os fundamentais estão lá. A procura cresce e é preciso estar preparado para dar resposta”, acrescentou.
“Nos EUA, vemos muita procura; a Ibéria continua a ser uma área muito interessante”, destacando o peso das energias renováveis no mix energético em Portugal de 70% e em Espanha de 55%. “É uma fonte de energia limpa e barata para os centros de dados.”
Questionado se os temas ESG vão deixar de dominar a agenda, o gestor respondeu: “O tema do ESG é muito mais abrangente do que as emissões poluentes”, apontando que a “independência energética, a segurança energética” e o acesso barato à energia são temas cada vez “mais relevantes.”
Dando o exemplo da invasão russa da Ucrânia, apontou que a Europa se tornou mais independente energeticamente.
Para 2024, previu um “ano recorde em termos de lucros”. A dívida “está sob controle” e a empresa tem rating triplo A, assinalou. “Estamos confortáveis. Estamos a ver bons anos para o futuro. Temos também um importante negócio de redes em Portugal, Espanha e o Brasil”, rematou.
Durante a sessão de terça-feira, a EDP Renováveis desceu 2,11% para 9,26 euros na bolsa de Lisboa. Já a EDP perdeu 1,76% para 3,069 euros.
As cotadas foram pressionadas pelas primeiras medidas de Donald Trump como novo presidente dos EUA. Esta manhã, chegaram a afundar mais de 3%.
Na EDP, o volume de negociação atingiu os 12,6 milhões de ações, acima do volume médio de quase nove milhões dos últimos três meses.
Na EDP Renováveis, o volume atingiu os 1,4 milhões de ações, superando a média de 1,14 milhões.
O novo presidente norte-americano vai declarar o estado de emergência nacional para acelerar projetos de petróleo, gás e de energia.
O mercado já está a assumir que vai haver um maior protagonismo por projetos de combustíveis fósseis em detrimento da energia verde.
O objetivo desta decisão é aprovar mais rapidamente projetos que demorariam anos a serem licenciados, anunciou hoje o novo presidente dos Estados Unidos da América.
Uma decisão que visa as energias renováveis foi a suspensão de novas licenças para as eólicas offshore. “Não vamos fazer essa coisa do vento. Grandes, feios, moinhos de vento destroem a tua zona”, afirmou, citado pela “Reuters”. As autoridades vão agora realizar uma revisão ambiental e económica das eólicas marítimas.
Trump voltou a dizer que estes projetos contribuem para a morte de baleias na costa leste dos EUA, mas não apresentou provas para o sustentar.
“Esta é a forma mais cara de energia, de longe. Matam as aves e destroem lindas paisagens”, acrescentou.
A “Reuters” aponta que a ordem não deverá ter impacto nos projetos em curso que estão a ser desenvolvidos pela Orsted, Avangrid, Dominion e Copenhagen Infrastructure Partners.
Na segunda-feira, prometeu mais petróleo e mais gás americanos nos mercados interno e externo.
“Vamos produzir a maior quantidade de petróleo e gás, reduzir os preços, aumentar as reservas estratégicas e exportar energia americana para todo o mundo”, disse Donald Trump durante o discurso de inauguração do seu mandato realizado no Capitólio em Washington, EUA.
“O ouro líquido vai ajudar-nos a voltar a ser o país mais rico do mundo”, acrescentou.
Outras promessas incluem rasgar o plano de fomento da economia verde americana (Green New Deal) e acabar com os apoios à compra de carros elétricos.
Prometeu assim “construir carros na América a um ritmo nunca visto”, afirmou.
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