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Euronext sobre Sonae MC: “É assim que os mercados funcionam”

O CEO da Euronext Lisbon, Paulo Rodrigues Silva, lembrou que tem havido muita volatilidade nos mercados nos últimos dias, relacionada com Itália, a guerra comercial e o Brexit.
  • Cristina Bernardo
12 Outubro 2018, 11h04

Paulo Rodrigues Silva, CEO da Euronext Lisboa, considera que a queda da Oferta Pública de Venda (OPV) do negócio do retalho da Sonae não é uma situação extraordinária e que está relacionada com a instabilidade nos mercados financeiros nos últimos dias. Nos próximos dias, a gestora da Bolsa de Lisboa irá debater questões técnicas com o grupo.

A OPV da Sonae MC caiu esta quinta-feira, depois de o grupo ter falhado a oferta particular a investidores institucionais: “É uma situação que estava prevista. Ontem foi um dia de grande turbulência. Há instabilidade nos mercados e ao longo do processo de roadshow, decidiram que as condições não estavam reunidas”, disse Rodrigues Silva, num encontro com jornalistas, esta sexta-feira.

O CEO lembrou que é uma situação que já ocorreu noutros locais, sendo que na própria Euronext, nos últimos dias, houve outra operação prolongada e ainda outra cancelada. “Gostaria de ter uma operação como a Sonae a realizar-se? Não tenho qualquer dúvida disso. Mas é preciso ter consciência  de que é assim que os mercados funcionam. Ontem foi um dos maiores dias do ano de transações em bolsa, foi um dia de grande volatilidade”, disse.

O grupo liderado por Paulo Azevedo comunicou, esta quinta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que as condições adversas nos mercados internacionais, a oferta institucional não se concretizará, o que determinará, consequentemente, a não execução da oferta pública de venda de ações.

“Estava definido que a oferta ao retalho estava condicionada à oferta institucional. Haverão questões técnicas a resolver nos próximos dias”, explicou. Caso a Sonae MC queira voltar a tentar entrar em bolsa terá de haver uma negociação e a oferta poderá ter as mesmas ou outras condições.

Esta é a primeira vez, desde o fracasso da entrada em bolsa da Mota Engil África (em Londres, em 2014, pelas mesmas razões), que uma empresa portuguesa desiste de uma OPV.

Paulo Rodrigues da Silva garantiu que a Euronext Lisbon irá continuar a trabalhar com as empresas porque “cada caso é um caso”. A expetativa é que a de todas as operações continuem e terça-feira há uma admissão, da Farminvest, que continua confirmada, sublinhou.

“A história diz-nos que, depois dos momentos de volatilidade, há entradas de empresas em bolsa e com maiores valorizações. Há operações em curso, com menor dimensão, e vamos prosseguir e ver. Os mercados mudam muito rapidamente”, acrescentou, apontando para o aumento da volatilidade das bolsas relacionado com Itália, guerra comercial e o Brexit. “Temos de conviver com isso e fazer o que está nas nossas mãos”, disse.

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