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Europa considera presidenciais polacas tendenciosas

A OSCE acusa os meios de comunicação estatais de forte tendência para apoiar o presidente que se recandidatava – e que este assumiu diversas vezes um discurso xenófobo, homofóbico e anti-semita. Nada de novo, portanto.
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30 Junho 2020, 08h01

O atual presidente polaco Andrzej Duda não evitou uma segunda volta das presidenciais contra o autarca de Varsóvia, Rafal Trzaskowski e terá de contar com o apoio da extrema-direita na segunda volta, a 12 de julho. No final, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), considerou que as incertezas legais não se manifestaram, mas o ato ficou marcado “pela intolerância e caráter tendencioso dos media públicos, o que manchou a campanha”, refere a organização em comunicado.

A oposição ao PiS, o partido que controla o governo e a presidência, não conseguiu um volume de adesão tão elevado como mostravam as sondagens, mas o certo é que Rafal Trzaskowski terã mais margem para crescer na segunda volta. Duda, o atual presidente, tem pouca margem para crescer, uma vez que já drenou os votos de parte da extrema-direita, enquanto que Trzaskowski poderá contar com o voto útil da esquerda, apesar da pouca determinação daquela área política em colocar o presidente da capital do país na presidência.

De qualquer modo, a OSCE afirma que as eleições foram “administrada profissionalmente, apesar da falta de clareza jurídica, pois foram encontradas soluções para a realizar durante a pandemia de Covid-19. A campanha foi caracterizada por uma retórica intolerante e por uma emissora pública que falhou no seu dever de oferecer cobertura equilibrada e imparcial”, disseram os observadores internacionais no terreno.

“Vimos uma primeira volta profissional, mesmo em tempos difíceis e num ambiente político fortemente polarizado”, disse Thomas Boserup, chefe da missão especial de avaliação eleitoral da OSCE. “Está claro que as emoções estão em alta, mas a intolerância ou os media tendenciosos nunca podem fazer parte de uma democracia verdadeiramente vibrante”.

Cerca de 30 milhões de pessoas foram levadas a participar nas eleições. A administração eleitoral cumpriu todos os prazos legais e realizou as suas atividades de forma aceitável, e os procedimentos foram bem seguidos nas assembleias de voto visitadas pelos observadores internacionais.

Mesmo assim, “a legislação que permitiu a eleição foi adotada à pressa e sem debate público adequado, em desacordo com os compromissos assumidos por todos os países da região OSCE”. As mudanças tiveram implicações no registo de candidatos, campanhas e financiamento de campanhas, métodos de votação e resolução de disputas eleitorais. A maneira como foram feitas comprometeu a estabilidade e a clareza da legislação”.

A campanha em si foi caracterizada “por retórica negativa pelos principais candidatos, que assim agravaram ainda mais a atmosfera já de confronto. A linguagem inflamada do titular [Duda] e a sua campanha eram às vezes xenófobas e homofóbicas”.

Apesar de a emissora pública forneceu o tempo de antena gratuito legalmente estabelecido a todos os candidatos e organizou o único debate conjunto televisionado realizado durante a campanha, “isso não permitiu nenhuma discussão substancial que ajudasse os eleitores a fazerem um julgamento informado. No período que antecedeu a eleição, a emissora pública tornou-se uma ferramenta de campanha para o titular, enquanto alguns relatos tinham claras nuances xenófobas e anti-semitas”, refere ainda o comunicado.

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