Devido à decisão da Rússia em interromper o fornecimento de gás através da principal rota de fornecimento da Europa, que veio a aumentar os receios de cortes de energia, vários países do continente poderão enfrentar um apagão da rede móvel durante este inverno, avançou esta quinta-feira a “Reuters”.
Várias autoridades do sector de telecomunicações receiam que um inverno rigoroso, aliado às ameaças vindas da Federação Russa, coloque a infraestrutura de telecomunicações da Europa numa situação debilitante. A situação torna-se ainda mais grave devido à insuficiência de sistemas de backup suficientes em muitos países europeus para lidar com cortes generalizados de energia.
Vários países da União Europeia (EU), incluindo a França, a Suécia, a Alemanha e a Itália, estão a tentar fazer com que as comunicações possam continuar em funcionamento mesmo num cenário em que os cortes de energia esgotem as baterias de reserva. A Europa tem cerca de meio milhão de torres de telecomunicações, sendo que a maioria tem baterias de reserva que duram cerca de 30 minutos para operar as antenas móveis.
No caso da França, a fornecedora de eletricidade Enedis elaborou um plano de mitigação que está preparado para potenciais cortes de energia de até duas horas, no pior dos cenários, segundo duas fontes consultadas pela “Reuters”. Portanto, os apagões gerais afetariam apenas algumas zonas do território francês, de forma rotativa. Segundo as mesmas fontes, serviços essenciais como hospitais, polícia e instituições governamentais não seriam afetados.
Conforme avançaram estas fontes e o governo francês, as operadoras de telecomunicações e a Enedis, bem como o próprio governo, tiveram reuniões sobre este potencial apagão durante o verão. À “Reuters”, a Enedis recusou comentar o conteúdo destas reuniões, afirmando apenas em comunicado que todos os clientes regulares foram tratados em pé de igualdade no caso de interrupções excecionais. A empresa disse ainda ter conseguido isolar seções da rede para fornecer clientes prioritários, designadamente hospitais, instalações industriais importantes e militares e que cabia às autoridades locais adicionar a infraestrutura das operadoras de telecomunicações à lista de clientes prioritários.
Do mesmo modo, as empresas de telecomunicações na Suécia e na Alemanha também alertaram os respetivos governos sobre possíveis faltas de eletricidade, apurou a “Reuters”. O regulador sueco de telecomunicações PTS está a trabalhar com operadoras de telecomunicações e com outras agências governamentais de modo a encontrar soluções para um possível cenário em que a eletricidade tenha que ser racionada.
Quanto à Itália, o lobby italiano de telecomunicações partilhou com a a agência que quer que a rede móvel seja excluída de qualquer corte de energia ou paralisação de economia de energia, salientando que vai levantar esta questão com o novo governo.
Segundo o chefe do lobby, Massimo Sarmi, as quedas de energia aumentam a probabilidade de componentes eletrónicos falharem se forem submetidos a interrupções abruptas.
Outras fontes disseram ainda à “Reuters” que as empresas fabricantes de equipamentos de telecomunicações Nokia e Ericsson estão a trabalhar junto a operadoras de rede móvel para mitigar o impacto da falta de energia, mas ambas as empresas se recusaram a fornecer declarações.
Segundo quatro executivos de telecomunicações, as operadoras de telecomunicações europeias devem reavaliar as suas redes para reduzir o uso extra de energia, bem como modernizar os seus equipamentos através do uso de projetos de rádio mais eficientes.
As mesmas fontes afirmaram que, para economizar energia, as empresas de telecomunicações estão a utilizar softwares para otimizar o fluxo de tráfego, utilizando um sistema que faz com que as torres fiquem inativas quando não estão em uso.
Na Alemanha, a Deutsche Telekom tem 33 mil estações de rádio móvel (torres) e os sistemas móveis de energia de emergência só têm capacidade para suportar um pequeno número de estações ao mesmo tempo, disse um porta-voz da empresa à agência noticiosa.
A França tem cerca de 62 mil torres móveis e a indústria não tem capacidade para equipar todas as antenas com novas baterias, disse a presidente da FFT, Liza Bellulo, citada na “Reuters”.
Habituados ao conforto do fornecimento ininterrupto de energia desde há várias décadas, os países europeus geralmente não possuem geradores com capacidade para fazer backup de energia por períodos mais longos.
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