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Europa precisa de gastar 800 mil milhões até 2030 para atingir meta de 3% do PIB em defesa

Os gastos europeus com defesa dispararam 30% em 2024, com a meta de 2% a ficar mais próxima. Previsão é que os gastos continuem a aumentar nos próximos anos. Bruxelas já definiu como prioridade a criação de sistema europeu antimíssil.
20 Fevereiro 2025, 07h00

A Europa precisa de gastar 800 mil milhões de euros até 2030 para atingir a meta de 3% do PIB em gastos com defesa, conforme exigido aos membros da NATO. Este valor tem em conta o atraso dos últimos 10 anos.

As contas foram feitas pelo Deutsche Bank, que também calculou que seriam necessários 600 mil milhões de euros até 2030 para subir a meta de 2% para 3% do PIB nos gastos com defesa.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse recentemente que a prioridade deveria ser a criação de uma defesa anti-míssil europeia, o que tem um custo estimado de 500 mil milhões de euros, quase 3% do PIB europeu. Já os 600-800 mil milhões representam entre 3,5% a 4,5% do PIB europeu.

“Apesar de o caminho para este aumento da despesa ser pouco claro devido à política, parece inevitável que grandes quantidades de dinheiro serão gastas na Europa em defesa nos próximos anos”, segundo os analistas do banco alemão.

Os gastos com defesa têm aumentado nos últimos anos e ficaram próximos de 2% em 2024, mas “os aumentos mais rápidos são dos países no leste europeu e próximos da Ucrânia”.

A meta obrigatória de 2% do PIB em gastos com defesa entre os membros da NATO foi criada em 2014, apesar de ser recomendada desde 2006.

O presidente Donald Trump tem sido bastante crítico da falta de gastos por parte dos europeus em defesa e já defendeu a subida da meta para 5%.

Os gastos europeus com defesa dispararam 30% em 2024 para 326 mil milhões de euros, mas alguns estados ainda falham a meta de 2%, como Itália ou Portugal.

A cimeira europeia em Paris esta semana terminou sem um consenso ou um roteiro, mas existe o “sentimento de que os gastos europeus com defesa precisam de aumentar. Apesar de isto ser um exercício político difícil, a direção parece clara”, segundo o banco alemão.

O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu os líderes europeus e o britânico para uma cimeira de emergência sobre a guerra da Ucrânia, depois de Washington e Moscovo anunciarem o arranque das negociações.

Bruxelas já defendeu a ativação de uma cláusula de escape para permitir que os países europeus possam aumentar os seus gastos com defesa sem serem penalizados pelas regras orçamentais europeias.

O cenário de aumento das despesas com armamento provocou uma subida de 5% no índice europeu para o sector da defesa: o Stoxx Europeu Total Market Aerospace & Defense.

As alemãs Rheinmetall e ThyssenKrupp subiram 15% e 24%, respetivamente, desde sexta-feira, a sueca SAAB AB ganhou quase 20%, a britânica BAE Systems valorizou 8%, a italiana Leonardo, +13%, e a francesa Thales, +12%.

“A Europa precisa de aumentar os seus gastos com defesa e vamos ficar atentos em como isto afeta orçamentos nacionais. As cotadas de defesa são um tema que vai continuar a ganhar momentum. Já têm um bom desempenho, mas acredito que ainda há espaço para melhorar”, disse à Reuters o analista Alberto Conca da LFG+ZEST.

Por sua vez, os analistas da Mediobanca Securities concluíram: “a capacidade de os países europeus em influenciarem as conversações de paz vai ser diretamente proporcional ao apoio militar adicional que podem providenciar à Ucrânia”.

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