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Exposições climáticas surgem como o quinto maior valor investido pelas seguradoras

Segundo o gráfico de barras do relatório, as exposições climáticas somam ligeiramente mais de dois mil milhões de euros. Perto da exposição à Fosun (acionista da Fidelidade) que ronda os 2,5 mil milhões de euros.
MIGUEL A. LOPES/LUSA
7 Janeiro 2022, 16h56

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF ) diz no seu Relatório da Estabilidade Financeira que, mesmo considerando apenas as categorias de dívida privada e acionista, “as exposições climáticas surgem como o quinto maior valor investido, quando comparadas com a totalidade dos grupos económicos – incluindo públicos e privados – a que as empresas de seguros se encontravam expostas (no caso deste benchmark, considerando exposição por via de qualquer tipo de ativo), à data de referência do exercício”.

Esta é uma das conclusões da comparação das exposições de dimensão climática face à representatividade dos principais grupos económicos a que as empresas de seguros se encontram expostas.  A ASF ressalva que “o agregado de exposições climáticas tem, naturalmente, um nível de diversificação distinto dos agregados de exposições a emitentes individuais, fruto de agregar exposições verdes e poluentes, a múltiplos setores de atividade económica, numerosas tecnologias subjacentes, e diversas contrapartes individuais específicas”.

Segundo o gráfico de barras do relatório, as exposições climáticas somam ligeiramente mais de dois mil milhões de euros. Perto da exposição à Fosun (acionista da Fidelidade) que ronda os 2,5 mil milhões de euros e abaixo da exposição a dívida pública espanhola que ronda os 3,5 mil milhões de euros.

A maior exposição das seguradoras é a dívida pública portuguesa que ronda os 12 mil milhões de euros. O ativo que está em segundo lugar é a dívida italiana que soma 4 mil milhões de euros.

“As empresas que operam exclusivamente nos ramos Não Vida tendem a exibir exposições climáticas mais concentradas num número restrito de tecnologias subjacentes. Não obstante, reconhece-se que este facto é parcialmente decorrente da menor dimensão (tendencial) das carteiras de parte das entidades constituintes deste universo”, lê-se no relatório.

A ASF destaca que, em termos de ratings ESG da carteira de investimentos das empresas de seguros presentes no mercado nacional, há cerca de 88% que está alocada a ativos financeiros de risco ESG intermédio.

Estes ratings são calculados através da identificação da exposição a empresa a riscos materiais de ESG (environmental, social and corporate governance) e da forma como estes são geridos.

“Algumas empresas de seguros apresentam níveis agregados na sua carteira de dívida (privada, pública e equiparada) correspondente a Credit Quality Step 3 (cerca de 39% da carteira de dívida total), o que, conjugado com ratings ESG de nível intermédio, poderá criar vulnerabilidades adicionais a cenários de downgrades destes títulos em matéria creditícia, penalizando também a onerosidade dos respetivos requisitos de capital, em matéria de solvência”, alerta a ASF.

A ASF diz ainda que “a análise das respostas às questões colocadas no questionário dedicado ao tema das alterações climáticas e finanças sustentáveis permite concluir que os setores segurador e dos fundos de pensões nacionais se encontram num estádio ainda incipiente nesta matéria, revelando necessidade de preparação e de alinhamento com o ritmo dos desenvolvimentos registados, que impactarão necessariamente as suas cadeias de valor e as suas operações”.

No que se refere às alterações climáticas e ao esforço de transição para uma economia sustentável, “destaca-se o papel do setor financeiro, e, em particular, do setor segurador e dos fundos de pensões, num contexto em que a economia, a sociedade e os governos denotam expectativas quanto à ação do setor segurador na resposta a diversos protection gaps”, diz o relatório.

Assim, “em resultado da análise dos resultados do questionário lançado pela ASF sobre o tema das alterações climáticas e finanças sustentáveis, salienta-se a importância da adoção de uma atitude de maior envolvência dos operadores com esta temática, designadamente no âmbito da avaliação do seu impacto no modelo de negócio, nas práticas de gestão e governação, bem como, no seu relacionamento com stakeholders, investidores, clientes, tomadores de seguros e beneficiários”, refere a ASF.

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